terça-feira, 29 de janeiro de 2008

sul africano

A terra do mar longe fica já tão longe.O sul africano aconchega-a na maresia e canta-lhe histórias de embalar.Foi plantada à beira mar.Consola-se em contemplar o vai vem das marés .Furiosamente sobem e descem o paredão ,hoje saudoso da criançada.Ausente para lá do Equador.Já encanecida .Mergulhada no
respeito pelo Planeta Terra,por culturas diferentes ,pelo próximo-parvoices dos
"hippies"?Porém,no fundo do coração ,ninam a terra do mar longe que a viu crescer com projectos de vida.
Aquelas marés muito gostam de subir e descer o paredão na tentativa de o galgar e invadir a rua.Casuarinas centenárias agitam-se incomodadas por não poderem
enfrentar os ventos das monções que aparecem a partir de Setembro.As bugalhas ,miniaturas de pinhas ,espalham-se pelo passeio esfarrapado pela erosão e pelo esquecimento da memória dos tempos e dos homens ,novos donos
daquele rincão histórico.Aqui e ali ,terra solta.Covinhas dão-lhes guarida e quando,pés descalços aí trpoeçam ...ai...puxa...que picadela !Uf!Aquelas bolotinhas gorduchonas ferram bem com os seu dentinhos bem afinados.
Casas ainda bem ao velho estilo colonial com os telhados de zinco,resguardadas
por muros bem altinhos ladeiam o passeio oposto ao paredão.Ali ,de pé firme, estão ainda ,impávidas e serenas.São pedaços de uma longa história de vidas dispersas por esse mundo fora.
maria ,filha da terra do mar longe.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

terra da boa gente

Por muitos anos que decorram sobre a partida de Africa ,as recordaçóes de infâncias perdidas ao sol ,ao vento,abrem sempre as portas da saudade,de espaços ,hoje desertos,ao fluir da amargura .
A identidade dos que por lá andaram perde-se ,fragmenta-se na angústia profunda que mina vidas.
Há anos ,imagine-se ,esqueci a data-estará resguardada no subconsciente?-fui reviver a terra onde eu e os filhos nascemos -um pedaço de terra igualmente plantado à beira mar ,-onde as casuarinas milenárias a defendem da erosão e dos ventos das monções vindos de savanas de outras paragens africanas num constante "zummmmmmmmmmmmmmmm",arrastando poeiras arenosas que invadiam sem cerimónia o interior das casas.
Não tenho palavras para expressar esse reencontro.~
Reavi um passado.
Despedi-me sem palavras.
Pensei:"Palavras que não dão luz são inúteis e aumentam a escuridão de uma grande solidão que se fecha na mão.
a Maria do outro lado do Mar.

Terra da boa gente

domingo, 20 de janeiro de 2008

quem sou?

nome-Onda do Mar
idade-milenária
data de nascimento-qdo conheci alguém que Deus como prisioneiro tem não sei onde-na Floresta das Sombras?
naturalidade-Terra do Mar Longe
minha vida-marés vazias de afectos
endereço-meu coração
minha sorte-Solidão
minha luz-pálida desde o amanhecer
meu desespero-nunca ouvi :"és a mulher da minha vida"
meu pensamento-Presença /Ausência
uma música-sonata ao Luar de Beethoven
um sonho-Amor
um nome-Silêncio
uma recordação-"vou deixar-te,"mansamente,docemente,humildemente num abraço muito abraçado.
uma verdade-sou uma derrotada
uma realidade-mágoas
minha vida-esperar à beira mar pelas marés vivas de Setembro.
meu destino-PARTIR para Voltar de novo com outra missão-PERDÃO.

MARIA do outro lado do mar

sábado, 12 de janeiro de 2008

quem sou?gente sem história

Eu já não tenho lágrimas .Estas depositam-se no coração como o calcário na máquina de lavar.
O tempo já tão longe vai trazendo lentamente a noção de que a vida é como um sonho e os sonhos são como as nuvens e nada nos pertence senão a sua sombra.Vou sendo gente sem história.Vou existindo na memória do acaso.Os que morrem,desaparecem como se fossem estre
las que tombam.Caem sem nenhum ruído,sem se saber onde nem quando.Ficam ténues lembranças que,por vezes,que não deixam pertencer a um só lugar e impedem a tranquilidade de não dividir memórias.
A vida ´e uma dádiva de Deus,perante a qual não podemos nem quietos nem manietados.Por isso,sinto-me sempre levada por um tornado de vento,apagando dos olhos o sofrimento.Luto por
sonhar com o impossível.Esse impossível é visionar nas dunas infâncias gargalhando de tronco nu.Ao fim e ao cabo,tenho sede daquela ternura como o deserto de água.Quero tornar a nascer
para não perder a minha essência de Ser para não sentir que já não sou nada.Sou gente.Posso ser gente já sem história.Recebo mensagens que deslizam velozes,mensagens de uma existência
Consigo ,então,ver troços calmos,tranquilos,paisagens,profusão de flores ,arco iris.Dão-me guarida e deixam-me flutuar nas ondas do Mar Longe.Vou e venho.Trago-me e levo-me.Nesse
vai vem ,vou esboçando o Ser que sou ,gente já sem história.m
MARIA filha de um Mar Longe.