segunda-feira, 24 de março de 2008

terra do Mar Longe xv

Etna Maria vivia num casulo labirintico da solidão,urdido pela trajectória da vida.Ninguém seria capaz de dimensionar o seu mundo despovoado de ilusões.A vida roubara-lhe as raízes da calma terra verde onde germinara o passado de menina,de adolescente ,de mulher e o de mãe.Restava-lhe o futuro ,como pertença de Deus.Por isso,deambulava pelo seucasulo onde contava as suas lágrimas pelas árvores selvagens e os ventos das monções que zuniam cantares de outras paragens banais.Repelia com ferocidade quem quer quee tentasse desventrar a sua geografia humanamente africana.Alguém suspeitaria da cratera vulcânica que a habitava?As pressões do magnma das crostas familiares ,sociais e politicas não conseguiam que entrasse em erupção .Aprendera que não há justiça para os direitos humanos.Lutava ,por isso,por não quebrar os vínculos com a Terra do Mar Longe.Amigos e as coisas pequenas ,mas ricas por dentro foram referências ao amor à liberdade e a uma vida irrecuperável.Um mundo enigmático.
Maria -filha do Mar Longe.

sábado, 22 de março de 2008

terra do Mar LongeXV

Etna Maria vivia num casulo labiríntico da solidão urdido pela trajectória da vida.Ninguém seria capaz de dimensionar o seu mundo despovoado de ilusões.A vida roubara-lhe o passado de menina,de adolescente,de mulher,de mãe.Restava-lhe o futuro.Nele criara um espaço e um tempo onde procurava redescobrir um sentido de vida.Por isso,deambulava pelo seu casulo.Repelia com ferocidadequem quer que tentasse quebrar um fiozinhoda teia.Ninguém suspeitaria da cratera vulcânica que a habitava.As pressões do magma das crostas familares e sociais não conseguiam entrar em erupção.Ao longo dos tempos aprendera a refrear os ímpetos de rotura com a Terra do Mar Longe.As coisas pequemas por dentro foram a grande fada do seu destino,cheia de piedade ,com a face em rios de lágrimas pois o destino estava ainda por se cumprir.Essas coisas pequenas por dentro eram as doces horas da infância,o cadáver de tantas ilusões ,os ventos das monções, as casuarinas rasgadas pelas vozes dos espiritos ,tendo nos corações as coisas que já não são mais os sons,o reino do mar,os muros das nunus ,o sol rosado do amanhecer ,a poesia dos corpos de ambar e o sol antes do adormecer aquático.
Maria filha do Mar Longe..

quinta-feira, 20 de março de 2008

terra do Mar Longe XIV

A pequenada entretinha-se a ficcionar outras histórias transpondo as portas da imaginação.Tombado,passava o tempo à espera do chape chape das marés até ficar submerso.Coitado,tão mutilado podia criar?Reminiscências de escravidões passadas?Era,sem dúvida,uma espécie do expresso do tempo.Sem préstimo,desfigurado,esquelético escuta os rumores dos ventos das monções que pelos solistícios por ali entravam alegremente.Traziam novas misteriosas das savanas de outras paragens .Rumos por desvendar.Oráculo de tempos a perder-se na distância.
O avião seguia o seu rumo .Embalava enganos.O ostracismo seria uma constante.Criaria um vazio.Já não haveria histórias de outros lugares,de outros tempos já sem tempo.A maioria dos novos albinos com raizes longinquas iria percorrer um caminho de pés fatigados.Vinham de uma terra quente ,verde,meiga ,cheia de vida.Teriam de se confrontar com a palavra solidariedade sem temer confronto.Rigorosamente viajariam num Tempo Novo.Por agora ,não passavam de pássaros peregrinos.Tardariam a quebrar as amarras da geografia do corpo africano.
Etna sentia-se uma brisa pelo jardim da esperança ,a heroina que queria ser.
Maria-filha do Mar Longe.

sábado, 15 de março de 2008

terra do Mar Longe XIII

Naquele momento de destroço emoçional em que a vida se tinha transformado,Etna levava aquela visão .Perturbada.Medo da negritude?
Antes de entrar ,virou-se para ver Zaqueu pela última vez.Sentia que a vida obrigava a fazer dela uma pessoa que não era ,solitária e magoada.
Para trás ficava o fio da memória sob as sombras das seculares causarinas.Era uma viagem por uma via escura com uma curva fechada.
Dentro do avião ,procurou o lugar.Era junto á janela oval barrada de pó impedindo a visibilidade das últimas imagens do mar longe.Etna fechou os olhos .O avião descola
subindo pesadamente para o céu. Porém,ainda viu o canal com filas de gamboas encaniçadas,os coqueiros do Mocucune ,o velho barco de ferro estropiado ,prisioneiro centenário das areias.Ferrugento.paralítico das lides da pesca à baleia.As cavernas descarnadas eram contadoras de histórias de pirataria ,abalroamentos no alto mar.
Maria -filha do Mar Longe

quarta-feira, 12 de março de 2008

Terra do Mar Longe XII

ESte ondeado fecundado pelas marés mortas,preguiçosas e rasteirinhas naufragavam fugindo de lamentos.
As rugas do velho serviçal estavam ali naquele rosto perdiam-se em tempos de copos de vinho que o punham a cantar as manqueiras ardilosas dos molungos manhosos.Os lábios grossos gretados ,semi descaídos ,asseados pelo pau de melala deixavam que dentes meio decapitados espreitassem ,denunciando uma burla nutricional de uma frugalidade desvitaminada por muitos e longos anos.
Naquele momento Etna não podia deixar de recordar aquela manhã abafante de Fevereiro.O calor asfixiava.O céu ostentava as vestes cinzentas plúmbeas.Foi quando Zaqueu a chamou para ver aquele parto impressionante.
Etna desceu.Precepitou-se para o muro do quintal .Levantou os olhos .Ficou boquiaberta.Nuvens em pequenos anéis deslizavam do ventre do pneu mãe ,circundando-a como deuses sentados com a angústia espelhada em anéis encaracolados,deslizando para o lado da sala.Chegados aí ,pararam e se ficaram como abutres do silêncio.
Maria-filha do Mar Longe.

Terra do Mar Longe XI

Etna ficou parada por momentos e os pensamentos esqueceram-se da sua perseverança.Aprenderam com o vento das monções impedirem caminhadas.Eram vozes solitárias.Silenciaram.

Etna encaminhou-se para o gradeamento onde o velho serviçal,esguiu,enrugadinho

pela magreza dos anos,as mãos chupadas pela força do trabalho.Era já um passado que ,amargamente,conscencializava o presente de Etna.

-Zaqueu perguntou:

-Senhora piqueno vai mesmo no famba?

-Etna engolindo em seco ,retorquiu:Tem de ser ,Zaqueu.-

-lá na terra dos brranco de prrimera como vai ser?Sinhora não brranco di prrimera e mininos já outrros brranco.

-Não sei Zaqueu-respondeu Etna,encolhendo os ombros,com os olhos mollhados de lágrimas,enquanto torcia as mãos.

-Sinhora piqueno ,não vai,fica com nosso-quase suplicou o velho serviçal.

E continuou:-Lembra aquele pneu mesmo pneu de camião?Lembra onde ficou parado?Foi mesmo em cima do terraço ,no lado onde Sinhora trabalhava.Desde piqueno ,eu ouvir nossos velhos falar shiiiiiiiiiiiiii maningue desgraça.Sinhora vai sofrer maningue.Aqueles nuvens dentro dele ,estão falar como leão com fome,chorar,

doença,morrer,shiiiiiiiiiii maningue problema.Sinhora não vai.

-Zaqueu,meu velho,tenho de ir.Etna abraçou o velho serviçal,de olhos entrestecidos

num rosto enrugadinho que mais faziam lembrar o ondeado no areal

para ti

Te amei.. . Quando ninguém mais te amava. Te abracei... Quando ninguém mais te abraçava. Te ouvi... Quando ninguém mais queria te ouvir. Te sorri.. Quando minha alma chorava, apenas para te fazer feliz. Hoje minha alma continua chorando, calada, sem ter ninguém para fazê-la sorrir! Maria -filha do Mar Longe

silêncio

" O SILÊNCIO" Como é bom o silêncio, Quando prefiro Estar a sós comigo, Para o meu mundo interior Onde sozinha… me abrigo Sem quaisquer defesas, Me revelo, , .me choro. Como é «tristeo silêncio, Quando te chamo, E peço que me ajudes um afectuso abraço e me desiludes … E com ar de embaraço, Deixas-me um rasto de sargaço, Sem vida, ressequido.. tronco corcomido. Maria -filha do Mar Longe

quem sou eu?


Quem sou eu Tenho fases, como a lua// Fases de andar escondida,Tenho fases de ser tua,// tenho outras de ser sozinha// Fases que vão e que vem. Fazes em que me julgo ninguém.Sou alguém que nada tem.Nem a sorte me tem. maria a filha do mar longe
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Quinta, 6 Dezembro 2007 às 16:05
Sou Feiz porque nasci em Inhambane porque Inhambane é a Terra da Boa Gente que significa na Lingua Gitonga "entra para dentro de casa",convite que os habitantes fizeram aos portugueses que ali aportaram para se resguardarem da chuva e que Camões canta em #Os Luiadas" porque a minha língua é a LÍNGUA pORTUGUESA. porque a LÍNGUA pORTUGUESA me deu uma Pátria porque chapinhava nas águas da chuva ao sol e ao vento porque depois apanhava filária tratada com cortes de lâmina e banhos de águas de plantas africanas colhidas no mato porque apanhava matacanhas curadas com cinza quente depois de tiradas com um alfinete por desinfectar prque andava descalça na areia a ferver sem me imprtarcom os picos bem afiados porque comia mangas verdissimas que provocavam febrões porque comia também cajú,jambolão,cigoma,zirriva,maçãzinhas e os moranguinhos da ganga. porque fui mãe de cinco filhos amamentados com chá de ganga ou cacana que me punham os seios que nem cabaças porque guiei durante 6 anos à revelia porque fui criada entre entre africanos com quem joguei à bola e fugia para a praia porque sou do tempo em que se viajava de Xitemela até Inharrime para aí se apanhar uma camioneta o "tornicrofe"semelhante a uma carrrinha celular toda em ferro e com janelinhas para o ar. porque fui aluna do Colégio de Freiras,onde aos 7 anos aprendi Francês com uma freira educada no Sacré Coeur em França porque sou do tempo do XINKUERRENGUE aos sábados à noite porque o meu molungo engenheiro nunca levou um tostão pelos projectos para igrejas ,mesquita,escolas,colégios e maternidades porque tive um pai de "letras gordas "que no primeiro dia que dei aulas me disse para não me esquecer que era de um país de muita raças e religiões e pelo facto de ser branca não tinha o direito de me impor,mas respeitar as diferenças porque tive uma mamana que me criou e só queria que a sua "sanana"viesse para o xilunguine dos brancos de primeira porque saltava os muros das nunus para pilhar linfete ou bolinhos de coco ou ou de sura porque o cipaio GEREMIAS me adorava e não dizia à minha mãe que estava em cima de um galho a comer amendoas verdes como as ervas porque fisgava as galas galas de cabeça azu porque cada filho plantou uma árvore porque o mainato júlio corria pelo quintal para o meu filho respirar por causa da tosse convulsa porque em Inhrrime há poços de petróleo selados desde 1948 porque havia pombos verdes noMocucune porque sou branca de segunda classe porque fui professora de alunos com cargos no amaoçambique moderno porwue tenho paludismo crónico porque vi tubarões,dugongos e peixes voadores porque comi matapa,plau,bagias,maningue mandioca ,linfete,coco lenho,castanha de cajú a estalar debaixo de uma chapa de zinco porque as minhas amigas eram brancas,pretas,mulatas e mussulmanas porque andei de batelão ao ritmo de "Maria Teresa zicuta" porque os madalas e os cocoanas eram respeitados porque não sei nada de politica porque o meu filho mais velho não fez aquela guerra inútil que só serviu para mutilar corpos e almas porque vivo num país onde não há pão ,toda a gente ralha ecom razão porque nunca fui uma burguesa "empatée" porque o arigo 4º dos acordos se esqueceu de respeitar os "bens # e as "pessoas" porque tive capacidade de sobreviver à marginalização porque fui conotada como "colonialusta"sem o ser porque este pais aprendeu a lição e lutou com garra pela causa de Timor porque ainda viagei na antiga frota colonial por mars nunca dantes navegados porque este país continua a ser um país "das mais desvairadas gentes" porque sei onde fica a Ponte Salazar porque tmbém sei cantar Vila morena porque prezo o respeito pela instituição Escola como fonte do Saber porque ainda tenho respeito por valores humanos porque revesitei IANHAMBANE e fui carinhosamente acolhida porque nada posso fazer pela mediocridade,nem pelos pavões em brutas bombas Sou verdadeiramente Feliz por estar viva,sã e ser uma kotinha de netos que me amam SOU REALMENTE FELIZ

terça-feira, 11 de março de 2008

meus fantasmas

Nas asas de cada palavra
viajam meus fantasmas
um Amor navegador
vi partir
lágrimas doridas
de cansaço choradas
quiseram ir
Pobres montes de sargaço!
Espalhadas
na paisagem
sem aragem
em viagem
num barco moliceiro
pelas noites de nevoeiro
num adeus derradeiro.

maria .-filha do Mar Longe

terra do Mar Longe X

-Pudera,Mãe África.Tens de compreender,sae-se de uma História para se entrar numa Nova História.É o regresso a outra infância.É África a seu tempo,ao tempo determinado.Depois vais recordar coisas deixadas pela colonização?
-O rumor da independência fala mais altominha filha.Como gostaria que
ouvisses o pulsar do coração do mundo novo...
-Mãe África ,para onde querque eu vá ,acredita ,serás uma esperança com o rostoda lua.Em cada lufada de vento tu estarás,nas minhas lágrimas,,na tristeza e na dor por uma guerra que mutilou almas e corpos.Abraça-me Mãe África,sofro na alma o amargor que tu choraste.Levo comigo a mágoa da saudade.Que se conserve em ti a esperança de rever-me.
-Etna,lamento muito a tua opção.Não consegui demover os teus medos.
Mas sei que no outro lado do Equador ,vais fazer parte da consciência da tua Mãe África.
Etna silenciou-se .Naquele momento atravessava um mundo solitário dos dias que haviam de vir.Rendera-se à evidência dos argumentos da Mãe África ,a consciência de uma nova História que desafiando mortes seculares ,faria os alicerces de uma nova Era.
-A Etna restava-lhe a memótia.Jurou neese momento,cuidar bem dela.
Para Etna ,África seria sempre a África das suas infâncias,a África de todos os tempos ,das caçadas aos inhalos,aos búfalos,às gazelas lá para os lados de Mapinhane,das praias a estender-se de vista,dos machongos
cultivados a paredes meias com as marés,dos pangaios de velas enfunadas,dos marinheiros de calças arregaçadas dos braços em geito de cadeirinha levavam as sinharas para terra,do xitimela que bufava lentamente pela cidade em direção à ponte de cais,das mufanitas que vendiam amendoim a quem passava ,do xinkué rengué aos fins de semana para gaudio dos molungos jovens fervendo
que nem bestas ferozes cravavam as garras nas doces deusas de ébano da noite.Uma África feita de eventos maltratados,chorados,amaldiçoados,arrogantes,maldizentes.
Etna procurou-se no que restava da luz da tarde.Etna também é África .Nasceu África .Pensa África,´.Pariu África.
Onde quer queestivesse não esqueceria que era errando que se aprende.
Quem estaria a errar naquele momento?O livre arbítrio estaria em questão?Alguém poderia dizer que o que estava errado era certo e o certo errado?Para Etna sóa experiência seria capaz de encontrar a verdade do certo ou do errado.
MARIA-filha do Mar Longe

segunda-feira, 3 de março de 2008

a Terra do Mar Longe IX

-De zelo?Ou antes prenúncio ostensivo de opções?É o que queres dizer?
-Não.Quando muitoé um desafio às regras articuladas pela chibata do cavalo marinho
e das palmatoada,bem como às grilhetas nas pernas como jógós de um circo.Já te esqueceste do que te aconteceu qdo menina viste aquele maconde estiraçado no chão esquartejado das chibatadas ensanguentadas e tu ,ao regressar a casa ,os teus pais tiveram de chamar o Dr.Franqueira?Os teus nove aninhos estavam compadecidos ,silenciados e os nervos febris.
-E o que tu vês e tanto te intimida ,não passa de uma espécie de hybris da tragédia grega.
-Ah!Já percebi...Significa ...uma forma subreptícia de desafio à velha ordem.
-Nenhum desafio faz um precurso linearmente.Sabes tão bem como eu.Certamente que haverá um longo caminho de esperança a percorrer.Fome.guerra,doenças,injustiças,corrupção,carências...enfim,conjunturas,desconjunturas
ao sabor de interesses falaciosos.
-Prevês precursos com avanços e recuos dominados por desconfianças infindáveis?
-É verdade.Deixem os povos seguirem o seucaminho.Aprenderão que esta terra deu
coragem e resignaçãoe espirito de luta sem miragens nem mitos.Acabem com o preconceito de manter povos com uma esperança de progresso `do instinto da sobre
vivência.
--Estou a compreender-te ,Mãe África.As transformações serão irreversíveis.
-Sem dúvida.,filha.Parte se assim entenderes.Se um dia vieres visitar-me ,só o sol,o ar
e o mar esperar-te-ão tranquilamente sentados à sombra da tua casuarina já tão encanecida e vão murmurar fundos segredos que falam de saudade.
Mãe,sinto-te renascer com um sorriso de fé e de esperança.Partindo,meus beijos abraçam-te.
-Filha,euestou onde sempre estive.Simplesmente agora não posso adiar a conquista do futuro.E este rodopio zunindo aos meus ouvidos desfazem-me em infterrogações.
Maria-ffilha do Mar Longe

domingo, 2 de março de 2008

A terra do Mar Longe VIII

Incrivel aquele volte face!Etão repentino !comentava surdamente Etna.Antes de subir
para o avião,virou-se de costas e Etna falou em voz alta para o distante,como se um ser mítico ali pairasse.Espanto dos ventos com as ondas às costas,o rumorejar longinquo das casuarinas e do bambolear dos coqueiros.
-Mãe Á frica que silêncio o teu.
-Filha cada um escolhe o seu caminho.
-Não te sabia tão indiferente perante esta debandada inquieta.Mais parece um êxodo
biblico.
-Só que neste êxodo como dizes ,não há nenhum Moisés para divinizar milagres ,nem
mandamentos e tb não um Mar Vermelho para atravessar a pé enxuto e muito menos
soldados em perseguiçáo.
Mas ,Mãe África perder-se.ão para sempre a riqueza das coisas pequenas por dentro.
-Eu sei,olha Etna essas coisas pequenas com os seus suspiros e a sua revolta tomarão
proporções de coisas gigantescas.
-Mãe África que queres dizer?
-Quero dizer que essas coisas pequenas ricas por dentro com o tempo vão trazer histórias dos longes ,infâncias perdidas,saudades estranhas,silêncios esmagados por
momentos de amores da cor de ébano.
-Quer dizer esse será o rumo a percorrer para que os novos albinos possam um dia rever esta terra sem ressentimentos.
É a maneira de se redescobrirem até que ponto foram protagonistas e voltem a sentir que é aqui que estão as suas raízes.
Bem,tenho de concluir que aplaudes este exodo....os teus búzios já quebraram o silên
cio sobre a nova História ,ou estarei enganada?
-Uma Nova História.Novos Tempos,minha filha,Novas Vontades,Novos Horizonte,é verdade.
E qual será a linha dos Novos Horizontes?
-Serão Novos Homens que irão tecer nos Novos Teares da Nova História,tal como na História do outro lado do Equador vai acontecer o mesmo.Não me digas que para ti
o tempo vai parar.Se parasse haveriam só fósseis.Também Novos Homens vão destruir velhos mitos.Serão incompreendidos,cuspidos,censurados.
-Pelo que acabas de me dizer vives eufórica este momento .Despes a tua melancolia,a revolta silenciosa e ouves a voz do Progresso.
-Já esqueceste que toda a História tem o seu timing?Dá tempo ao tempo.Deixa que
a Nova História se movimente ao ritmo do tempo africano.Para lá do Equador ,o tempo tem o seu próprio ritmo.
-Diz-me eu não faço parte desse ritmo?
-Tu é que tens de fazer a tua opção
-Não posso.Vivo em constante pânico com o troar das metralhadoras à noite...lá longe.Os postos de controlo são supervisionados por africanos carregadamente escuros.Fora aqueles que entram pela casa dentro equipados de bazucas,cartucheiras
à laiade colares havaianos,como forma ,talvez ,de intimidação...
Nada disso.Sabes bem que em momentos de rotura,há sempre excessos de zelo....
Maria-filha do Mar Longe.

sábado, 1 de março de 2008

a terra do Mar LongeVII

Pobres novos albinos!Nunca se tinham dado conta de que afinal,não passavam de simples aduladores de um poder que naquele momento se extinguira e cada um ficara entregue ao cadáver das ilusões.
Aqui,ali ,lá mais adiante esperavam os granitos enegrecidos que olhavam entre lágrimas silenciosas o espírito das árvores sem ninguém a cuidar delas ,os palheiros a cair de reumatismo .Tinham a consciência de que os novos albinos de mãos vazias,lábios secos trariam a esperança,com sangue e suor,do rumorejar dos campos porque traziam um deus dentro de si.
Aquele sol de um azul límpido acariciado pelo aragem amena e pelo odor da maresia ao cair da tarde pela maré enchente viu Etna sair da sala de controlo.Aproximou-se do gradeamento no desejo de um adeus afectuosoAli estavam os serviçais de longa data,gente que ajudara a criar as suas sananas.Nela tremia a saudade antecipada.Não estava a ser nada fácil nem desenraizar-se ,muito menos despatriar-se e muito menos ser uma sem terra.Mas partia-se.Deixar a terra do Mar Longe era enfrentar os abutres do medo e do silênciodisfarçados em Cristo de voz doce e amena.Os deuses loucos impunham um naufrágio de que os sobreviventes nunca mais se salvariam nem da solidão,nem da escuridão da morte.
Maria .-filha do Mar Longe

imaginação

Doce brisa afaga a minha imaginação.Passei dias entre o mar e a areia a olhar-te na minha imaginação.O teu corpo surgia esculpido no querer da minha imaginação.Tu nunca vieste.Nunca tinhas tempo.E eu?Morri na praia .As ondas ,essas,visitavam-me e alimentavam a minha vida derrotada pela tua ausência.Ovento levava os meus suspiros e as palavras que sempre quis ouvir.Aguardei um gesto teu,uma palavra tua.Tardou.Quando estavas de viagem para ooutro Universo abraçaste-me .Ciciaste a despedida ,aconchegando-me ao teu peito como se a minha alma te pertencesse.Sentia-me frágil como um copo de cristal,mas forte como o mar embravecido.Nunca matei a esperança .Apaixonara-me pela vida mesmo aquela que me deste feita de ausências do fogo onde eu própria queimei o meu corpo ,acordando desejos,abraços e beijos.Mas juntei-me ao mar e dei-lhe as minhas lágrimas de saudade ao pôr do sol.Quero eternizar aquele momento,guardá-lo no meu coração.Quando o sol acordar ,vou buscar -te ao teu Universo para que juntos sonhemos abraçados mesmo sem as palvras que nunca me disseste.A saudade
alimenta-se de mim ,já não preciso das tuas palavras ,de ti resta-me a memória e o silêncio.
Maria-filha do Mar Longe