domingo, 27 de junho de 2010

Etna Maria no outro lado do MAR lONGE

Hoje voo nas asas de Pegaso pelo Universo para ver se me encontro.Procuro-me
Sinto-me perdida num mundo ao qual já não pertenço.
Preciso mesmo de me esquecer dentro de mim.Há momentos assim.E deseja-se
a noite vadia de volta para o esquecimento para não querer nada sequer do
que nada se é daquilo que se é.Sou apenas a corrente de um rio .Deixo-me navegar
nas águas da esperança de instalar os dias frios das ausências e partidas.E afinal
acabo por naufragar na corrente para perder -me a mim mesma e nesse naufrágio
não se reconhecer quem fui e sou tão pouco .
Ficam sempre pedaços de vida que nos deixam muito sós ,mas ajudam a seguir em frente o rumo de Eolo ,do Olimpo onde os deuses nos vigiam atentamente ,das constelações luminosas e,sobretudo,da voz poderosa do hoje.

Maria ,filha do Mar Longe

terça-feira, 22 de junho de 2010

Etna e a Terra do Mar Longe

Ena Etna Maria ,muito recordas da Terra do Mar longe .Nem imaginas as fotos tiradas.Vão deliciar-te.Vão lembrar-te bem de onde vieste.Por aqui ando avivando recordações que,após
tão longa ausência ,fazem sorrir.
Sei bem quanto as coisas pequeninas são as mais ricas por dentro fazendo-te muito feliz.Não há
lugar que não me encha de alegria .Uma forma de relacionarmo-nos com a vida,despindo a nostalgia ,os cheiros,o pôr do sol vestido de amarelo de braço dado com o castanho e o vermelho.
as mangueiras pejadas de mangas a amadurecer e os cajueiros com aqueles pomos de nectar bem coloridos.
A Terra do Mar Longe mora eternamente dentro de nós .Viu-te nascer.Deu-te as infâncias perdidas .És fruto deste mundo e nele queres morrer.Neste mar da vida ,resta-nos aproveitar
cada momento .
Subo a ladeira .Respirei a luz do sol que ilumina a caminhada em direcção ao cinema de largas entradas agora repletas de nada nos dois lados.
Nas noites de cinema regorgitava de gente .Uns fumando .Outros bulablando ou fazendo curtos
picadeiros.
A rua deserta sussurra lembranças de ontem ,ouvindo-se mercedes benz preocupados com o estacionamento no mesmo parking do governador como forma galharda de exteriorizar a balança
da vida.Vejo-os na neblina do tempo Enxertos de memória levam-me à sala do cinema .Lembras-te da divisória quase ao fundo da plateia?Aí ficavam os mufanas das sananas
dos molungos e das sinharas .Como vibravam nos filmes de Far west!Ouvia-se "eh!pá,languça
e qdo o herói do tiroteio saia ileso ....um alarido de satisfação.Saiam lateralmente .Nada de misturas ,caso para dizer "cada macaco no seu galho",mas em grande galhofa com tregeitos dos tiros ou outros gargalhando.
Tive pena daquele espaço destinado ao silêncio na carreira de entretenimento.
Tem como companhia o velho clube Sporting frequentado pela elite de poder económico socialised .Hoje de janelas fechadas de paredes delambidas pela humidade das chuvas .Somente
um corpo enrugado .Mesmo assim ,apetecia-me um pedido:deixa-me entrar ,ver -te por dentro
rever a altivez da elite ou julgas que esqueci o tempo em que expulsavam a criançada fora do
circuito monetário?Não passa de uma alegoria mundana .Uma identificação inquietante.Nem sei
os anos de existência.
Desci a ruela de antiquérrimos casarões ,bem aborrecidos com tanta solidão.Fui desembocar ao
Banco.Entrei para cambiar uns parcos dólars .O balcão abarrotava de clientes.Expeditos,sabedores dos interesses económicos.Atarantada a minha vez demorou a chegar.Pude observar a ligeireza com que movimentavam os seus interesses.Um rosto feminino
,fechado abeirou-se de mim.Em silêncio os dolars foram cambiados .Nem um sorriso que mais não fosse de cordialidade turistica .
Que somos nós?Fantasmas?Senti-me mesmo um fantasma solitário de uma vida roubada ...um ente sem ser como costumas definir-te que te leva para muito longe com tantas palavras por dizer .À medida que por aqui vagabundeio ,vou compreendendo melhor os teus dias de tempestades por não estares neste chão e viveres o abismo solitário de ti própria mas sempre
humana.
Lembranças,memórias de um tempo ido em algures perdidos nos recantos do tempo .Agora ,no
outono da vida ,são apenas retalhos amarelecidos.

Maria,filha da Terra do Mar longe


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Etna Maria recorda

Etna
O verão ainda não chegou .A primavera espreguiça-se por aqui quase todos os dias .O tempo arrepiante faz eco numa chuvinha aos ziguezagues ,deixando a abacateira ,a bananeira e a bunganvilia a lacrimijarem .O vento dançante na folhas intimida as roupas leves .Talvez por isso ,
procuro no silêncio humano do bairro ,a minha ausência da Terra do Mar Longe.Onde não estou.
Onde estás tu para aí deixares em liberdade o Espirito das minhas infâncias inocentes pelas dunas como escorregas num grande alarido.
Transporto-me para a marginal .Neste propósito vou até á piscina já sem a rede á volta por causa dos tubarões .No meio ,lembras-te da prancha sempre superlotada de miudagem para
saltos consecutivos aplaudidos pelas apostas dos amiguinhos ?Defronte ,o Clube destinado quase
exclusivamente a brancos e a alguns de cor africana já com nível social ou profissional na função
pública .Aí se reunia uma elite do snooker,do poker . xadrês. Tardes femininas marcavam presença nas jogatanas da canastra e do majong .
Ecos de um passado que vai ficando vazio.Balbuciam segredos que se libertam nas noites enluaradas ao som do batuque na terra dos pombos verdes .Ainda por lá saltam de coqueiro em coqueiro?Testemunhas curiosas de encontros de amores clandestinos passeando á beira mar tranquilamente .
Fixo os olhos nesse longe tão longínquo mas ainda consigo vislumbrar os abutres do medo ,bem como ouvir "mamãe iango" "mamãe iango" gritados ,doridos,chorados sob as chicotadas do cavalo marinho empunhado pelos cipaios .Era um momento de estarrecer.Percorriam a nossa
avenida e punham em debandada mães e avós ,á hora do almoço ,com as crianças para a pérgola
vizinha da casa do Capitão do Porto por onde corria uma aragem acarinhada pelas marés cheias
ou vazantes e a frescura da maresia tecladas aos acordes das casuarinas bem centenárias .
Já subiste a ladeira do Palácio do Governador?Lembras-te do casarão solarengo da nossa infância?No interior grandes salões ,um bar sempre bem frequentado e no exterior baloiços ,argolas para a pequenada ,um cort de ténis bem limpinho e tratado com esmero
para a exibição de partidas de apaixonados pelo ténis exemplarmente vestidos de branco a rigor
com raquetes de qualidade.Ali nada faltava ,cadeirões e bebidas fresquinhas.,sombras bem acolhedoras.
Diz me ,não deitaram abaixo aquela frondosa amendoeira onde iamos pilhar amendoas gordochonas bem madurinhas ?O salão paroquial ainda está aberto á comunidade?E a paróquia
continua a ser um ponto de referência na esquina da ladeira?No largo fronteiriço ,a frondosa árvore continua sã e viva?Era aí que se ficava a jogar ao berlinde ,á saída das aulas ,que acabavam em campeonatos de colecção com um bom bónus de berlindes surrapiados das derrotas do adversário a choringar.Meninos que nunca mais encontrei e pensando neles sinto um
deep breath que sufoca um grito do mais profundo ser.Ás vezes ,nestas deambulações por um tempo sem volta ,tenho a veleidade de me sentir uma Antígona que se rebela por ter sido enterrada viva .Há valores universais que não se submetem a déspotas com direitos a desencadear uma tragédia humana.
Os meus sonhos estão encerrados numa gaveta do meu coração.Aí os guardo .De vez em quando ,abro a gaveta pq me ajuda a lembrar que existo.
Mãe África não deites fora a minha identidade.Ela é feita de coisas bem pequeninas mas muito
ricas por dentro ,apesar de as acharem lixo ,mas eu chamo ,meu tesouro mesmo na ponte á espera da barca de Caronte .
Maria ,filha do Mar Longe.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

MÃE ÁFRICA


MÃE ÁFRICA


QUE FAZER DE TANTA SAUDADE
VENTOS PRA LONGE ME TROUXERAM
VIDAS SEM FIM SILENCIARAM.

QUE FAZER DE TANTA SAUDADE
PRECISO ESTAR PERTO DE TI
PRA CUIDARES OUTRA VEZ DE MIM.

Ó MÃE ÁFRICA
COBRE ESTE FRIO TIRITANTE
BEBE AS LÁGRIMAS QUENTES
CALA SOLUÇOS SERPENTEANTES

SOU UM BARCO SOBRE O TEU AZUL
GAIVOTA DE OLHOS FECHADOS
FAROL EM VOO FINAL.

MÃE ÁFRICA
QUE FAZER DE TANTA SAUDADE
DOS LABIRINTOS SOLITÁRIOS
ESTRELADOS,CHORADOS,MAGOADOS.

MARIA ,FILHA DO MAR LONGE