sábado, 27 de fevereiro de 2010

etNA E A TERRA DO Mar Longexxx

Na sombra dos teus silêncios

fiz dos meus dias
~ melodias.
Enviei-as para as estrelas
minhas mensageiras
de lágrimas em doridas grilhetas.
Nunca as ouviste choradas,
mas por elas mandei
meus medos de te perder.
Sei que um dia te vais de vez
e nem me vês
que sou ainda um ramo
da árvore da tua vida
tão longe de ti vivida?
mas ao ser podada
ainda que desamada
voltarei inteira
em paz com a minha cegueira.




Maria ,filha do Mar Longe

etna e a terra do Mar longe xxix

Querida Etna
Obrigada por este ar de alegria e triunfo com que voltas nas tuas cartas,sem revoltas nem saudades do além Equador mas carinho pela cacimba bem fria,o mar ora ora plano ora encrespado o céu sempre azul ,enfim o nosso mundo que embora pequeno é tao rico por dentro pela sua grandeza de vidas que se cruzaram connosco.
São olhos com imagens de outras paragens ainda nossas apesar do ostracismo a que nos têm votado.Quem afirmar o contrário apenas pretende ostentar um perfil que não passa de um triste show off,de uma vida fácil que cada um escolheu como sendo um caminho
Toda a minha vida tem sido um percurso sempre tecido por sonhos inacabados ou caminhos projectados que nunca foram construidos .Ficaram pelos alicerces.Por isso,guardo a nostalgia vergada pela impediosamente pelo que poderia ter sido feito e acabou por ficar pela autoestrada da vida ,sob o peso da resignação resguardada por actos disfarçadamente tranquilos.
Tanto assim que,ao dobrar a curva descendente da vida,estou a ser marcada por um amor oculto .feito de suspiros,temores,bem como de um tempo já sem tempo que me faz tremer e cerrar os lábios de raiva.
Sabes bem como Tiago tem sido especial,tornando-se parte da minha alma ,mas sempre inacessivel ao âmago do meu ser.Personifica o meu Everest.Sbes porquê?Porque no cume está a familia ,parte integrante de si próprio.Um homem de extremos.No cume ,a inacessibilidade a um espaço onde eu pudesse vogar para o seu mundo aliviada e deslumbrada.No sopé a corça ferida a precisar do abrigo para sarar as feridas da interdição ao cume do seu ser.
O Silêncio da distância traz-me a dor que levaste como um pesadelo ,como se me pisassem .Não passo de deixar que a estadia no outro lado do Equador me cuspa e passe indiferente dominando a minha vida como um fantasma.Preciso do meu espaço liberto do medo de o perder para não envenenar a minha casa interior.
Sensível como és ,já percebeste que a tua Etna Maria não é mais do que uma cana de açucar cambaleando pela catanada feroz de mais um sonho inacabado.
abraça-te a tua irmã
Etna Maria
Maria,filha do Mar Longe.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010


Quem me liberta das memórias com histórias e fantasias das coisas pequenas mas grandes por dentro?

Quem me habita na solidão vadia ?Ah!São as estrelas que esquecem

as dores

amores

lágrimas

saudades

sonhos

partidas
Como seriam os momentossem as estrelas para lhes confidenciar a mágoa baleada pela ausência da carinho e da ternura?olho-as embevecida em silêncio para ver a luz profunda
que delas emana e assim vou vivendo dialogando-me .Nas estrelas deixo a saudade e o desejo
de ser levada para muito longe.
Saudosa da tua ternura e abraços que nunca mais vou ter ,mas sempre pensando em ti e juntos somos então um só .Tu és único para mim e os dias deixam de ser tempestades ,repletos de nadas.
Maria ,filha do MAR lONGE.













lágrimas

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

etna e a terra do Mar Longe XXVIII


Etna paulatinamente aproximou-se do que fora pertença dos Pais.O passado presentificado.Avançou pela relva esmorecida.Abeirou-se dos que trabalhavam à volta de carros entre pneus espalhados ao acaso .Jovens a praticar um futuro.Apareceu inesperadamente o velho gonçalo.Espantou os olhos.
Exclamou-sinhora piqueno!shiiiiiiiiiiiiii
-É verdade-respondeu Etna abraçando aquele velho ,restos do mundo das infâncias distantes
-Mininos?maningue neto?Aqui falar sinhora grande morreu.maningue doente.....sinhora piqueno sofrer maningue....ishhhhhhhhhhh
Gonçalo,espera aí.....deixa sentar aqui....depois falar tudo....
Gonçalo ,atento,de pé não perdia pitada do que ouvia.
Sabes ,Etna Maria quem devia estar aqui eras tu para ouvires ish...ish...faz favor...
cliques ruidosos...uhm....uhm...acompanhados do menear de cabeça vezes sem conta,acompanhados de encolher de ombros.
Eu não podia falar dos mininos e da minina de uma só vez .Por momentos vi lágrimas pequeninas e os braços caídos como folhas ao vento.
Tu e eu eramos memórias de um tempo da memória da Terra do MAR lONGE.
Mais de uma hora ,Etna esteve sentada no patamar das bombas de gasolina envelhecidas pela corrusão da aragem chuvosa,bulabulando,gargalhando com as diabruras dos mininos,os gansos abatidos com uma pressão de ar,as gemadas dadas ao piloto enfim um não acabar de memórias....entre shiiiiiiiii aqueles mininos ....Etna consciente de um partir certamente sem volta ,levantou-se ,segurando as mãos secas e mirradas ,abraçou e disfarçadamente afastou-se para sedespedir do pássaro azul ,o jipão ,com um volante de machibombo com que se faia rolar para a praia das maresias suaves e frescas.Recordou num ápice as infâncias distantes numa grande algazarra.Foi quando teve a consciência como ultrapassara perdas irreparáveis,medos,dores,sonhos,projectos,lágrimas.
Continuava afinal um ser a olhar a vida com as cores do arco iris.
Espreitou por tudo que era sitio.A limalha cobria o chão.As parede conviviam com o silèncio de tinta e pincel.O cheiro a óleo transpirava os ares.Sucata pelos cantos.
-Etna Maria,ter-te -ia feito bem veres o que foi pertença nossa.Chagas aqui encontradas sarariam feridas por cicatrizar.Abrir-se ia uma janela e a aragem da maresia desmantelava os fios do teu casulo.
Maria,filha do Mar Longe

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ettna e a terra do Mar longe

Ainda me lembro como o empurravas na banheira de zinco à laia de bote ,no quyintal inundado pelas águas das chuvase até te esquecias das matacanhas e filária.A tua única preocupação era ve-lo feliz gargalhado ou batendo palmas.
Entraste no carro magoada e ferida numa amizade que afinal ,era um mito.Nunca existiu.Soluçavas.Percebeste que te tinham apontado a porta da rua do rumo para o outro lado do Equador.
Parei diante daquela vivenda.Mirei o portão ladeado por dois portentosos e soberbos dendigueiros.Não me demorei .Aaltivez da varanda despedia-me .Descaminhei-me.Enxarquei-me de episódios ruins.Tal como o vento tudo traz também tudo leva.Etna Maria,não vale a pena
revivê-los.
Entrou na Avenida recheada de secreta intimidade.As acácias franzinas ,algumas bem cocoanas
repovoaram-na de perguntas.Etna desfez tanta curiosidade.Contou,recontou,carpiu-se ,descarpiu-se.Vinha de longe.Uma terra de sorrisos sonâmbulos,habitados em elevadores num corropio de sobe e desce ,a transpirar um desiquilibrio interior urdido pelas ralações que sustentam o quotidiano.A monotonia maneira de encarar a vida com chuva,frio,vento,indiferença,o corre corre sem um sorriso.
Ah!exclamaram surpresas e atentas.Foi por isso que voltaste?
-Claro!Vim à procura de uns tempos sem fadiga.
-Quer dizer,não conseguiste desabitar-te-comentaram a rir
Vim desafadigar-me.Respirar o humanismo deste céu sempre sorridente de azul,do pôr do sol mesclado de cores quentes até partir para outras paragens,bulablar com a voz da maresia que também me pertence.
-Tanta saudade Etna.Vens afinal á procura de tiprópria
-Talvez.Bem já bulablei com vocês,tenho muito para revesitar.
-Vai,Tens muito para reencontrar no silêncio,também uma forma desentir,pensar e venerar.
Não te deaproximes do que foi teu,nem te desastebilizes por não reencontrares a torangeira,desenterrada ,soterrada em cinzas com as memórias das tuas infâncias irrequietas e turbulentas.
-Deixo-vos as saudades já cansadas.Levem-nas com os ventos das monções para o cosmo para descansarem com serenidade.

Maria ,filha do Mar Longe

Etna e a terra do mar longeXXVII

Etna encolheu os ombrosNão podia fazer nada Esforçara-se por reflectir sobre Etna Maria.Muitas mulheres dos entas sonham com alguém que as descubram como amigas e sensuais,companheiras.Mas ninguém possui ninguém e Etna Maria teria de fazer a sua opção para se sentir livre e não ser magoada.Comportava-se como uma colegial,simplesmente teria sempre o paralelo 38 entre ambos.A vida familiar era pontuada por inúmeras situações de ausências e o constrangimento persistiria .Era o preço que teria de pagar pela sua loucura.
Etna pôs os óculos ,a luminosidade chamou a atenção da Alfândega ,fechada .Devia estar entrestecida .Era a morte anunciada.Não admira ,estava vazia de afazeres.Um mono numa esquina apetecível.
Etna sentia-se deleitada por poder vaguear por aquela avenida das infâncias criadas ao sol e ao vento.Estava bem disposta mas,de repente cruzou-se acidentalmente com a vivenda de varanda enorme ,arejada ,ampla com cadeiras e mesas sempre com gentes conversando à gargalhada.
Era do teu amigo ,Etna Maria,amigo que foi e deixou de o ser com a mudança dos tempos da História.
Certamente que ainda te lembras do que te disse quando te aproximaste do grupo em que estava e mal te viu próxima :ó branca ordinária quando te vais embora?Num abrir e fechar de olhos tal pergunta cortou as asas dos teus sonhos de africana.Fervias de indignação.Parecias um vulccão em erupção.Palavras coléricas irromperamlavas incandescentes do âmago do teu ser africano.
Passados tantos anos consigo rir.Se calhar ,na altura ,julgava-se já parte do novo poder.Era bem a experiênciaantecipada igualmente inútil.Um vaso quebradoem cacos estilhaçados.
Etna Maria,segundo dizem,quando por aqui aparece,passeia a barriga luzidia já obesapela praia por onde as tuas infâncias brincavam em correrias pelo sol e pelos ventos sem medos.
Pelo menos faz de conta o que a brisa dos mares do outro lado do Equador lhe confidencia.Prantos de tumbas ,floridas de tantos que hoje são ninguém.
Maria ,filha do Mar Longe

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Tiago sabia que não havia mais ninguém naquele coração .Como tb sabia que Etna Maria era um fruto proibido.Partia ,talvez pela última vez.Etna Maria sentia que a partida estava próxima.Uma noite o telefone reteniu .Acorreu.Levantou o auscultador e ouviu apenas:parto amanhã.Palavras que serviram para a sua inquietação interior se desfizesse em imagens e momentos que só a ela pertenciam.Encorajando-se foi ao aeroporto.Viram-se de longe .Por momentos sentiu-se como uma gaivota ferida vinda de longe do sentimento da solidão qdo afinal queria apenas amor.
Tiago por momentos ficou indeciso .Doeu-lhe a melancolia do ambiente.A familia estava ali como parte integrante da sua vida.Era como se fossem a Coreia do Norte e a Coreia do Sul separados pelo paralelo 38.Por isso,talvez levava consigo a recordação de um sorriso tímido.Etna limitava-se a olhar aquele rosto para se consolar nos dias vindouros.
Como quereria dizer-lhe desde que me aprisionaste com a doçura dos teus beijos fizeste da minha vida um oasis em pleno deserto.Fizeste emergir o fogo lunar na nossa história que mal acredito que vivemos juntos uma dádiva inesperada da vida.
Um nó na garganta ,engolia histórias vividas ,agor a emoção caia na lágrima furtiva ,na distância
que tudo dissipa .Restará a saudade prolongada pelo desespero.Repousaria eterna no cofre forte do coração.
Maria,filha do Mar Longe

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Etna e a Terra do Mar Longe xxvi

~Sempre estava com Tiago ,Etna Maria sabia qto era amada e desejada .Apenas queriam estar um com o outro e com os seus sentimentos .Nem precisavamde palavras.Saiam.Beijavam-se com ternura e paixão pelo jardim aromatizado.Ao despi-la pela primeira vez Tiago deu-se conta de quanto estava faminto dela.
Tiago ausentara-se .Etna Maria tentou esvaziar-se daquela repentina e assustadora paixão.Reconhecia ,contudo,que Tiago só queria a ela,e Etna Maria só queria a ele.Faziam amor.Deitados nos braços um do outro ,saciados e tranquilos.Pairava naquele mundo pequeno a quietude de uma paixão saciada.
Num dado momento de euforia amorosaTiago olhando Etna Maria disse:Etna ,para mim ,serás apenas Maria,a minha doce princesa.
-Sério?és um tonto respondendo gargalhando
Etna quis saber o motivo de ser apenas Maria.
Presta atenção ao que vou dizer-te:
M-maresia
A-amor/paixão
r-rima /poesia
i-Iara /mãe de água /deusa poderosa
A-Amenidade
Os sons das letras são suaves .Tu és um poema de amor e carinho.Para todas as letras encontrei o meu significado.És maresia,amor,paixão,poesia,a deusa das águas profundas,afável,terna.
Tiago,por favor não me subestimesSou apenas mulher-respondeu Etna Maria,enroscando-se como uma serpente a Tiago escaldante de paixão.Riram-se.Nunca falavaam no futuro.Viviam o presente apenas ,cada hora,cada minuto,cada segundo como trémulos astros ,a realidade de si próprios.
Maria,filha do Mar Longe

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Etna e a terra do mar longe xxv

Qdo Tiago levava tempo a aparecer ,a casa enchia-se de um silêncio atroz.Em frente do computador a atenção atrofiava-se .Perdia os pensamentos no Tiago.Etna Maria já não tinha idade nem para um te nem para um ti.Recordava o encontro no restaurante.Foram momentos que revoltearam a vida.Dentro do seu imaginário ,sucediam-se cenários de intimidade ,sedentos,esfomeados,pronta a arriscar-se para não perdê-lo.Não esquecia a postura de quem viajava muito,óculos verdes que escondiam olhos castanhos percrustadores.Estaturamais do que mediana.Um colete de ganga à desportiva ,sob o qual um corpo sem barriga.Cabelos já grisalhos ,Um sorriso entreaberto se calhar para cativar o lugar vago na mesa.
Etna Maria sempre cativante .Destacava-se onde estivesse pelo sorriso que projectava nos olhos a sua força interior.Cabelos alourados que escondiam fios grisalhos que detestava.Calma,sorrindo ligeiramente acedeu a que se sentasse à sua mesa.
A partir desse encontro ,outros encontros se sucederam aqui,ali,acolá para conversar sobre as terras do Mar Longe.Havia laços comuns desde as gentes com hábitos e costumes bem diferentes,a solidão ,as disparidades entre os habitantes até à vida de cada um
Lentamente foram aproximando-se cada vez mais com um coompanheirismo atrativo.
As mãos tocaram-se ,os olhares cruzaram-se de cumplicidade afectiva

Maria,filha do Mar Longe.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Etna e a terra do Mar Longe xxIV







Etna procurou os correios para telefonar para Etna Maria.Olhou a escadaria bem espaçosa subdividida em patamares amplos .O edificio pintado de cor de rosa e branco dava-lhe um toque de uma orquidea fora da estufa.O sol africano com um olhar sobranceiro vigiava atentamente



o vaivem do trabalho da mulher sem parar a caminho do bazar carregada que nem uma burra de carga ,o filho pequenito às costas aconchegado pela capulana e o ritmo dos passos da mãe com uma carrada de produtos à cabeça. sempre consciente da subsistência do lar.



Ao entrar ,Etna sentiu o coração apertado.Asolidão vagueava pelo balcão de atendimento dos tempos de menina.A timidez desconfiada do funcionário encurralara Etna num hipotético diálogo



Nem uma palavra de cordealidade que mais não fosse para matar a curiosidade.Olhos frios e bem distantes.
Etna apressou-se a descer a escadaria sem uma beliscadura dos tempos e já tantos passados.
Sentou-se à sombra de uma acácia enfezada mas servia de defesa do calor .
Pensava na conversa ao telefone.Etna Maria e tiago conheceram-se acidentalmente num restaurante.Como havia um lugar vago na mesa de Etna Maria ,pediu para se sentar.Conversaram banalidades.O tempo.A profissão .Os hobbies.A carestia da vida.Até que
paises do outro lado do Equador entraram nas conversas.Assim se descobriram pertença de terras do Mar longe.Empatia desabrochou amizadee esta abriu portas a uma relação poderosa.
Demasiado grande para morrer.Uma vida sem tiago não era imaginável
Maria,filha do Mar Longe












segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Etna e a terra do mar longe xxIII


Todos os dias ,Etna estava sempre em algures.A mente e o coração demasiados preenchidos com retalhos do saber perdera pertença familiar.Achava ,ela própria que regressava do mundo dos que já tinham partido.
Ao longo da marginal sorria para as casuarinas centenárias ,altivas viradas para o mar .As bolotas espinhadas caiam ao sabor dos ventos.Rebolavam acabando por cair nos trilhos esburacados dos passeios já tropegos.Etna vagueava pelo paredão com as sandálias a tiracolo desfrutava a maresia matutina.Como estava tão longe de qualquer filosofia de vida.Sentia um bem estar jamais adiado por aqueles espaços que calcurriava sempre que podia.Outros espaços a espeeravam
A dado momento aproximou-se em passo de gata manhosa da velha mesquita.Lá estava o velho trinco dos tempos de menina.Uma aldraba t ão centenária como a porta que segurava os anos dos tempos ecoados de um passado longinquo .1840 com um corão de 340 anos.Os sapatos arrumadinhos em fila indiana no páteo asseado.
Espreitou.Num ápice afastou-se não fosse ser surpreendida por algum crente mais hostil.
Etna Maria adivinha onde estou.Bem sentadinha no banco de cimento a meio comprimento do muro altíssimo onde tu lias livros de histórias que te emprestavam com condição de o fazeres enquanto corria o almoço .Etu adoravas os contos dos irmãos Grimm...qtas vezes ,Etna Maria ...A quelas histórias fascinavam-te e de que maneira.Entre ti e os teus amigos
havia sempre um livro com histórias de encantar.Era o teu mundo.Viajavas no teuCom Pégaso fugindo do labirinto limitado da vida dos Pais .Recriavas personagens com toda a familiaridade .Acompanharam-te sempre e projectaram.-se na vida servindo- o teu mundo para encantar os infâncias criadas ao sol e ao vento.
Hoje o passado é um mapa pendurado no seu casulo,como um troféu
Etna recordou as travessuras de Etna MariaAs pedras atiradas aos sapatos desalinhando-osAdoraria ver os crentes andarem à procura do par.E o episódio do leitão?Entraste no quintal da vizinha.Apanhaste o leitãozito.Abafaste-lo com uma toalha depois amarraste o focinho embora esperneasse.Com o focinho bem aperreado para não fazer muito barulho,atiraste-lo para o patamar e fechaste a mesquita com a aldraba ...céus ...foi uma algazarra inesquicível.
Berros,gritos ,vassouradas...enfim um fim do mundo.
-Ai Etna Maria ,o que foste fazer.Que sacrilégio!Custou-te bem caro.O Haj descobriu-te como autora da proeza .Valeu-te um tareão.Como sentença ,durante nove luas ,foi-te interdita a passagem pelo passeio da mesquita.Episódio incrivelmente rocombolesco.
Lembras-te dos baldes da água do mar pela meia noite para desacralizar o espaço religioso?
O que teria acontecido aos sapatos com tanta vassourada?Não sei e tu ?Certamente também não.Francamente ...um lugar de culto.
Sabes,agora a mesquita prima pela cor ,cor de rosa com os caracteres em branco bem nitidono frontespecio.Quem diria 1824 e um Corão de 348 anos no interior ,zelosamente guardado,num santuário artisticamente trabalhado.
E nós que pensamos que os filhos de Allah são cobras e lacraus do deserto,qdo afinal tb oram ao Deus de todos.
Maria,filha do Mar Longe
Etna

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Etna e a terra do Mar Longe xx2

ETNA e a Terra do Mar Longe

Recebi a tua carta .Emocionei-me por me trazeres de volta tantas pertenças da nossa meninice galopando a toda a brida.Fiquei radiante por saber que o xitimela está bem cuidado ,todo pintadinho de branco prateado e em exposição bem à vista .Um rei de um reino já
desfeito.Ironia do destino ,orgulhosamente só.Um marco histórico.
Vi-nos às sextas feiras no bulício da velha e atroseada ponte como pude deduzir do teu encontro
com os pilares que a sustentam .Vaivens carregados de amendoins ,camarão seco,fiadas de cana do açúcar ,paus de melala,baciazinhas de esmalte recheadas de montinhos de castanha de caju açucarados ,mandioca pilada ou braçadas de mandioca ,tiradas fresquinhas da terra.O tempo passou mas ficou-nos a sede dos tempos da memória.
As luzes do portaló enchem de colorido as recordações .Ainda me lembro de ver os passos de rainha das candidatas a sonhos de um casamento com uma farda branca e um porte princepesco a fazer as honras da sala para um jantar requintado marcado por uma excelente etiqueta.não era todos os dias que se deliciava com tais mordomias ao som de música de fundo.Por uma noite eram rainhas de um reino inimaginável em vestidos de organza agodesados.Que será feito dessas
Cinderelas africanas?Teria encontrado o seu príncepe encantado sob a batuta de uma valsa de Strauss?Ou ao ritmo de um tango?
Do Tiago nada posso dizer.já muitas luas vieram ,com luares vazios do seu rosto enternecido por esta Iara ,a sua deusa das águas profundas,a princesa de um amor tardio.A distância telefona-me de tempos a tempos,Diz me para não preocupar-me.O entendimento entre etnias diferentes vai
andando devagar,mas um poço de água criou um ambiente de partilha.O pior são os hidejackers
Ceifam almas viventes convencidos que aniquilam o espirito,reduzindo-os ao barro de que somos feitos.
Como sabes ,o Tiago vive um mundo visionário,Acredita quenão será preciso destruir flores ,mas gerar um mínimo de convivência entre canteiros para se chegar à paz.
Curou-me feridas ,sarou-me mágoas,Ensinou-me o afecto e tb a liberdade de me sentir bem em estar com.
Maria,filha do Mar Longe

etna e a terra do mar longe

Etna sentia-pena dos navios que nunca mais voltaram .Andando pela muralha de suporte à invasão das marés cheias que furiosas embatiam contra aquela amurada,confrontava-se com as suas raízes.Faziam dela uma viajante que a levavam a uma navegação solitária.De repente sacudiu o cansaço .Etna Maria regressava a estar com ela.
Lembras-te das noites de sextA-feira?´´Á noite ,mocinhas casadoras ,sofisticamente vestidas e maquilhadas ,com estolas de arminho e sapatos de salto alto vinham airosas para a ceia ,conversar com os fardados de branco ,ouvir música até altas horas da madrugada na esperança de despertar algum coração mais solitário.
Subiam o portaló com uma empáfia que em nós ,miúdas causava um impacto de admiração .
Tornavam-nos mais pequeninas na escala social.Suspirávamos .Sonhávamos com um dia em que já senhorinhas ,tb iriamos ali cear.Admiradas.Galanteadas pelo comandante ,imediato,enfim por todo o escol de membros de bordo.
Tu partiste para o outro lado do Equador.Qdo regressaste ,eras uma jovem que pertencia a résteas de um imaginário que teima em presentificar-se eternamente .

Maria,filha do Mar Longe

``A BEIRA RIO

Sentei-me à beira do rio,aí esperei a tua imagem .O rio qdo me viu carpiu as dores que me escorraça de ti.Compadecido às ninfas dos rios confidenciou as minhas mágoas tecidas na solidão ,meu desajuste interior de que me faz prisioneira e as ninfas comovidas pela minha espera em vão ,bem distante consolavam-me .Sabiam bem que aquela imagem jamais seria de um dia ,como uma madrugada lavada em lágrimas .Na verdade foste sempre um dia qualquer ,
um vazio sem fim,sempre vazio de afecto e do prazer de estar bem com.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

etna e a terra do mar longexxI


ETNA MARIA
LEMBRAS-TE DAS SEXTAS FEIRAS E DOS NAVIOS ANCORADOS NA PONTE DE CAIS?ESTA PRECIOSIDADE POR CÁ CONTINUA ,COM UMAS MAZELAS JÁ BEM VISÍVEIS ,SONHANDO QUE A EXISTÊNCIA NÃO SEJA BREVE.lEMBRASTE COMO ESTES NAVIOS ALTERAVAM A PACATEZ NOCTURNA DA PONTE DE CAIS?
a MIUDAGEM ACORRIA PARA VER DE PERTO A ACTUAÇÃO DO CONTRA MESTRE.A BORDO DO NAVIO PEGAVA NO CABO COM PUNHO DE RETINIDA.NA OUTRA PONTA DO CABO DA RETINIDA AMARRAVA O OLHAL ,RODAVA A PINHA ATÉ TER UMA CERTA VELOCIDADE PARA CHEGAR AO CAIS .QUEM ESTIVESSE NO OUTRO LADO DO CAIS PUXAVA PELA AMARRA DA RETINIDA ,PEGAVA NO OLHAL E ENFIAVA NO CABEÇO PUXANDO O NAVIO PELAS AMARRAS COM O AUXILIO DO CABRESTANTE .ENTÃO É QUE ERA UMA EXPLOSÃO DE ALEGRIA.uMA OVAÇÃO DE PALMAS COM PULOS DE APLAUSO.
O NAVIO ATRACADO ,ERA VER CENTENAS DE MAGAIÇAS EM LARGAS PASSADAS DIRIGIREM-SE AOS CAMINHOS DE FERRO ,PARANDO AQUI OU ALI PARA COMPRAR
QUE COMER COMO PARA MITIGAR O SILÊNCIO DOS BALANÇOS A BORDO E APRESSAREM O PASSO PARA O XITIMELA QUE A TODO O VAPOR DAS CALDEIRAS FUMEGAVA NO MEIO DE CONSTANTES UH...UH...UH....UH....
jÁ NÃO PASSAVAM POR CARREIROS ENCALHADOS EM ARBUSTOS E RÃS.A AVENIDA
FORA TRANSFORMADA NUMA VIA ALCATROADA COM PASSEIOS DE MIMOSEIRAS AMARELINHAS.cARROS E GENTES DAS MAIS VARIADAS TERRAS NÃO PARAVAM.
PARECIA UM DIA DE FEIRA.
sABES ETNA MARIA ,OS NAVIOS SE FORAM PARA NUNCA MAIS VOLTAREM.E A PONTE DE CAIS CONTINUA NO SEU PAPEL DE SERVIR DE MEIO DE COMUNICAÇÃO. SE FEITA NA DÉCADA DE VINTE PELOS MACHAMBEIROS COM RECURSO AO XIUAUAU ,se verdade ou não .O QUE INTERESSA É TER FICADO À DISPOSIÇÃO DO POVO LUTADOR ,SOBRETUDO A MULHER. QUE NÃO PÁRA.O XITIMELA ESTÁ ESTIMADO ,PINTADO DE BRANCO PRATEADO NUM ESPAÇO DOS CAMINHOS DE FERRO COMO PEÇA DE MUSEU.TIREI FOTOS E ENCONTREI GENTE CONHECIDA SURPREENDIDA PELA MINHA PRESENÇA E AS FOTOS.PQ HAVIA DE IGNORAR AQUELA PRECIOSIDADE?ÁGUAS PASSADAS NÃO MOEM MOINHO E É BEM VERDADE.fICOU-SE POR MOMENTOS NA BULABULA .FALOU-SE DE TUDO UM POUCO.VI-OS FELIZES ,ALIVIADOS DE UMA ÉPOCA EM QUE NÃO ERA FÁCIL SER ASSIMILADO PARA SER INTEGRADO NA SOCIEDADE.GRANDE BIZARRIA,MAS EXISTIU POR MUITO TEMPO O QUE CHOCAVA SERIAMENTE.AGORA JÁ SE PODIA RESPIRAR A LIBERDADE.
TUA IRMÃ
MARIA ,FILHA DO MAR LONGE

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

etna e a terra do mar longe XX

De repente ,ouvira -vieste para fica Etna?Sorriu .Sabia quem lhe fizerA pergunta .um dos pilares mais cocoanas.Com todo o respeito ,respondeu:Não senhor,vim rever o senhor e todos os outros pilares dos meus tempos de menina.Tinha saudades,Ainda me lembro de ver molungos à pesca entre os quadrados debaixo da ponte .Parecia que era aí que os peixes se refugiavam.Depois eram facilmente fisgados.Comi deliciosos peixes pedra,bem saborosos.
Ainda te lembras?Claro que sim .Era cada cambala.....boas pescarias....até se dizia que vocês aprisionaram uma garoupa de truz que nunca nimguém conseguiu pescar...verdade?só vocês o sabem....
-deixa-te de fantasias.Mas diz pq vieste no fim de tantos e longos anos?-
-Vim deixar as infâncias perdidas ao sol e ao vento na praia do mar azul e das ondas a bailar com as sereias ao luar e bafejadas pela aragem das casuarinas.Quero-as tranquilas .É aqui o seu lar ,pelo menos à noite podem procurar a LUZ CÓSMICA.Ninguém os vê.
-compreendemos-te ,Etna,mas só isso?
-vim revesitar a Tera do Mar Longe ,o meu berço que me viu crescer,ser mãe ,ensinar ouvir histórias da história e o silêncio deste espaço apesar de agora ser estrangeira.
-Não digas disparates Etna
-responderam outras vozes vindas das vigas enterradas nas areias centenárias.
-É verdade ,sou uma sem terra ,vocês sabiam que eu e os meus não somos da Terra do Mar Longe?
-O quê?não digas.
-Somos apenas naturais do vosso país
-Se calhar pq desconhecem as nossas terras ,julgam tudo matagal e assim simplificaram os dados.mas não é justo.Pq não regressas?
-já é tarde....sou um ninho vazio ,desprotegido desasado.Sinto-me feliz por estar
aqui por agora a rever,recordar,respirar esta maresia ,olhar este sol ,mergulhar nestas´´aguas tépidas.Lembram-se das sextas feiras à noite a ponte que vocês sustentam se engalanava de cores do arco iris?
-Ainda não esqueceste?perguntaram surpresas
-Como podia esquecer.Criava-se um ambiente de magia bem festivo .Ceava-se lautos banquetes ,com música de fundo suave.Mas .de dia os porões descarregavam cargas humanas dos porões ,os magaiças que não escondiam o orgulho do regresso.
-O que para aí vai,pudera tinham o mundo na mão por muito pequeno que fosse.
-AEtna Maria não veio pq?
-vem mais tarde.Prometo trazê-la até aqui ,ela vai gostar,não fosse ela um ser de alegria.
-vou-me,kanimambo pelo vosso carinho e por ainda se lembrarem desta manhambana já semi cocoana.Só me falta a bengala .....eheheheheh
-Para onde vais?quiseram saber
-Por aí desenterrar memórias

Maria ,filha do Mar Longe

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

etna e terra do mar longe xix

A manhã acordara de boa disposição ,cantando de maneira a ser bem ouvida.Pássaros empoleirados em galhos das mangueiras aguardavam que Etna saisse.Queriam que Etna saisse .
Foi ao pão como habitualmente,cumprimentada sorridentemente pelos africanos na fila a que correspondia com um sorriso mal disfarçado de alegria.
Matabichou calmamente e comeu gulosamente as torradinhas de sura que Lisa deixara em cima da mesa.
Saiu apressada antes que o sol quente se intrometesse no passeio matinal.
Reparou que a linha férrea não castrara a História.Estava ainda ali rente às habitações quase revestida de ervinhas ....se já não tinha utilidade ao menos enfeitava-se de verdes vaidosamente.Etna ainda se lembrava do tempo em que passava a caminho da ponte de cais .Vagarosamente.Devagarinho,todas as sextas feiras ,avisando com o seu estridente puf...puf...puf...puf...que chitimela mais cuidadoso embora a bufar por tudo qto era poros.E a criançada a apreciar respeitosamente a caminhada.
LÁ ia ter com os navios que despejavam aos molhos sacas de sarapilheira de produtos para as populações que os ganhares ,magros,mirrados,vergados sob o peso de cada saca e mesmo assim cantavam como que a dar graças aos deuses órfãos pelo amendoim,para o caril de peixe ,o milho para ser pilado e pronto para
uma saborosa refeição e a farinha para a xima com molho do caril de coco a troco de uns magros chicudos.
Etna entrou pela ponte já a decapitar-se e muito tinha durado com um piso ainda
suportável.Superlotada de vais vens carregados de produtos das machambas próprias .Esgueirou-se para a direita ,rentinha à amurada com os pilares meios escaqueirados pela erosão dos tempos .Espreitou pelas vigas já semi desnutridas de betão.Olhou para baixo .Viu sobre a areia gasolinas tombados uns para a direita outros para a esquerda enfurrejados .Fizeram parte de uma frota de transportes entre o cá e o lá de outras paragens ,povoadas de gentes do mundo de trabalho ,quer fizesse bom ou mau tempo.
Aquela frota de gazolinas era substituida pelos botes à vela para onde se ia numa espécie de cadeirinhas humanas para as mulheres não se molharem ,movidos à vela por veses bem remendada e empurrada por um comprido pau de bambu bem forte que impulsionava o barco para as águas mais fundas.E assim superlotado de gente ,coisas e loisas se fazia a viagem de regresso .
Maria ,filha do Mar Longe

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

etna e a terra do mar longe XVIII

Realmente ,Etna Maria ,trinta anos de ausencia é muito tempo...se tivesses vindo ,deliciavas-te com as lembranças reposadas sossegadamente felizes.Puxei por algumas e de mãos dadas contámos as nossas estórias.Rimo-nos.Corremos que nem tontas pelo paredão da praia.Reconhecias-te em cada rua ,em cada esquina,desde que eras menina.Até as mimoseiras da nossa avenida perguntaram por ti-A Etna Maria não veio?porquê?Tive de as contentar com a tua vinda para breve.Uma questão de tempo.Falei no teu Tiago.Riram-se e só ouvia :-Quem diria hein?Marotas e brincalhonas.
Viveste cadadia sem um protesto,olhando sempre em frente,tentando não desperdiçar energias para um dia voltares à Terra do Mar Longe.Mas desististe à última hora.Mandaste-me a mim como se eu apagasse o fogo
do passado recheado de traumas,mágoas,perdas irreparáveis.frustrações e tantas injustiças.
És bem masoquista,desculpa que diga.Nada beneficiaste com o não da última hora.Sabes o que mais queria?Era que encarasses o passado como uma realidade que já não existe .Cremada.Vem.É altura de renovares as tuas raizes.Acredita ,reaprendemos a descobrir o valor que se encontra em cada espaço das nossas vivências.Avida não passa de um embaraçoso e mero acidente de percurso.

Maria,filha do Mar Longe

etna e a terrado mar longe XVII

Etna guardava as imagens de tudo por onde passava .Aquele estar ali era um troféu com o qual aprendera que afinal as coisas pequenas mas grandes por dentro devolviam-na às suas raízes.Que estranho apelo do outrora.
A Avenida continuava vestida de mimoseiras sorridentes no seu amarelinho ,frondosas,pujantes,apenas empoeiradas.Se calhar lavavam-se na época das chuvas torrenciais.Deviam ficar lustrosas como se fossem a um baile por algum tempo.Olhou-as com carinho.Eram testemunhas da criançada sob as suas sombras fresquinhas.Ali as mamanas tinham sob a sua vigilância o soninho dos meninos dos molungos patrão .
Etna ,de repente ,recuou no tempo,bem no tempo.O tempo do coaxar das rãs pelos charcos ladeados de capim e carreiros tortuosos que conduziam
as gentes à cidade do caniço ao ritmo de rann....rann...rann ...bem ensurdecedor.Dificultavam as passadas pesadas dos magaiças à sexta feira ,carregando ao longo do corpo subnutrido ,o sobretudo à general com botôes amarelos luzidios,a viola,a ginga ,o lampeão,cobertores ,bugigangas coloridas capazes de seduzir as tombazanas festeiras lá da aldeia encaniçada .Ser Magaiça era manter-se idêntico a si próprio ,fiel à
herança ancestral e promover-se no ranking social.Ganhara dinheiro,fossara as entranhas da terra ,sofrera faltas de ar,o frio ,uns copos de cerveja e comida mal confecionada.Era um herói e como tal era considerado.
Ir para as minas do John ,comer o pão que o diabo amassou ,dormir sabe Deus como ,com o pensamento na aldeia ,escondida dos matagais embalavam o corpo dorido .Aí seria recebido como um senhor de terras e gado.Era a apoteose .Um triunfo.Um trunfo de peso para requestar a sua tombazana,como um relicário traduzido no lobolo bem chorudo ,vacas,cabras e dias de festa ao som do batuque ,mulheres rodopiando
com grande frenesim sob o olhar atento dos velhos..
Conservava-se religiosamente aquele ritual.A mulher aceita o que os deuses órfãos impõem como destino.Complementariza-se o acto da fertilidade.Ela suporta calada a nudez do seu corpo no braseiro de uma cruz milenária.Mulher ,jovenzinha ,casada fica.Alma sofrendo sob o halo do silêncio.Este duplica-se qdo uma nova estrela aparece no cinzento da existência.Mulher fruto por amadurecer conformada com a destemperança dos deuses órfãos que passam ao lado da reprodução.qdo esses deuses não acordarem do sono letárgico em que ainda estão ressonando ,sonhos de mudança vaguearão pelas estações dos tempos.

Maria,filha do Mar Longe.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

etna e a terra do mar longeXVI

Debruçada sobre o varandim ,Etna saboreava a aragem vida do mar refrescando a memória.É aqui que os que partiram para o outro Universo no outro lado do Equador acabam por cair para finalmente encontrarem Paz e a Saudade descansar.Se somos uma partícula da energia dinâmica,a força motriz do Universo,criado por um ser dito bom ,humano,refúgio dos
que sempre amaram a paz e a não violência atravessavam distâncias inquietantes para ali morarem de vez .Somos um todo.Qdo esse todo se desfaz ,os ventos de todos os pontos cardeais levam as nossas particulas para o ponto de partida à terra mãe.Etna era um desses ventos .Veio do outro lado do Equador ,deslizando pela sombra para ocultar a autenticidade das vozes dos que possivelmente vaguearam pela florestas das sombras à espera daquele resgaste.
Ali já mais ninguém se lembraria das suas entidades ,podendo deambular pela praia extensa ou refastelar-se nalgum galho embalados
pela maresia.
-Etna ,estás tão calada-estranhou jô
É verdade.Estava a ouvir os espiritos dos que me ceifaram.Aqui encontraram a paz tranquilizadora sem ódios.
jô e Lisa entreolharam-se.Não tinham palavras para partilhar aquele momento com Etna,mas perceberam que Etna se reconciliaram com o presente.
-Sabe,lisa,os novos albinos que partiram em debandada ,incluindo eu própria,somos uma geração de um passado que fez uma História para dar lugar a uma História.A caminhada foi árdua e dura.O que mais terá custado foi eliminar o ódio,a ira,o medo do desconhecido ,o orgulho ferido.
Eu não quero carregar esse fantasma na alma.Quero preservar a Paz.
Qto mais se fecha no passado,mais se distancia da vida em Paz.E na vida há coisas mais belas para admirar do que para destruir.
Lisa respondeu-Tens razão Etna.Quem gosta do passado são os museus e tu não és nenhuma peça confinada a museu .Vá,são horas de dormir.Hoje passarinhaste maningue....chega ,certo?
Etna concordou.Lembrou-se da irmã encurralada no seu casulo no outro lado do mar.Faria tudo por tudo que Etna Maria o abandonasse e viesse
para voltar a ser ela própria,a menina que adorava poetar com as palmeiras.Que lhes segredava?
Maria,filha do Mar Longe

domingo, 7 de fevereiro de 2010

etna e a terra do mar longe xii

Saltitando pela muralha ,teve a nítida sensação de que não estava só,os que com ela tinham vindo ,sentiam a mesma pena de ver a casa do Capitão do Porto já tão esquecida de um tempo histórico que poderia de servir de uma lição de História a vários niveis até o facto das depências não fazerem parte do interior da habitação dos patrões.Esse esquecimento era uma pedra no charco que as chuvas torrenciais se encarregariam de lavar no matope.Que pena!Paciência!Os Teares da Nova História se encarregariam de
incentivar as novas arquitecturas a novos croquis inspirados naquela casa que agora não passava de um entrestecido e decapitado mausoléu.
Estava num mundo em mudanças na linha da modernidade.Já era tarde para se assumir erros,ódios,injustiças,vexames,desrespeito pela dignidade .Um provérbio hindu ocorreu:"Não existe árvore que o vento não tenha balançado"Etna naquele momento mais do que nunca era essa árvore balançada ,mas não ainda derrubada.Por isso ,viera revesitar o espeço que era também sua pertença-Terra do Mar Longe-E ali estava branca africana assumida.Lembrou-se no momento de uma máxima do outro lado do Equador:""Cada lágrima ensina-nos uma verdade"e essa verdade nua e crua significava que já não se pode parar.Caminhar sem o fardo de
uma partida sem diálogo.
Etna já não saltitava.Corria pela muralha como fazia em menina,livre,feliz com as caricias da maresia ,os sopros das casuarinas centenárias.Corajosa olhou para trás ,já não havia espaço para ver factos e pessoas como foram.Agora era olhar como se é .
Acaba-se por sentir que o tempo nos mergulha na intimidade das nossas raízes e fazem acreditar que ainda somos gente desta Terra.

HÁ MÁGOAS QUE MAGOAM
OUTRAS VELOZES VOAM
HÁ MÁGOAS QUE SE DOMAM
OUTRAS QUE SE REBELDAM
E OUTRAS QUE SE VÃO
HÁ MÁGOAS QUE AMARGAM
TÃO DORIDAS QUE NOS CHORAM. Maria ,filha do Mar Longe