domingo, 29 de junho de 2008

POEMA -BEIJO

A brisa súbtil da ternura trouxe um beijo em tremuranum gesto de Primavera enleado da Hera. Colheste esse gesto na palma da tua mão, depois foi para o teu coração A tua ninfa de lábios quentes espera os teus ardentes. Na pnumbra da vida um só desejo um homem,uma mulher unidos num terno beijo. maria --filha do mar longe

POEMA -BEIJO

terça-feira, 24 de junho de 2008

CAPITULO XVII-A TERRA DO MAR LONGE

Compreendo-te,Etna.As perdas fizeram adoptar uma carapaça de tarturuga.
-Achas?
-Claro ou julgas que não te sinto ouvir o cantarolar dos riachos ?
-é verdade...vêm de muito longe--
-Trazem ecos das infancias perdidas
-Ainda te lembras donascer do sol,irrompendoavremelhado,pasando a rosa límpido,como um Deus com o seu ceptro e bastão permitindo raios dourados espreitando o nascer do dia?
-E ao cair da tarde ?
-Ficávamos hipnotizadas com a aguarela de tons amarelados mesclados de castanhos e ressaibos avermelhados .
-Despedia-se do mar azul,pacificando as ondas ,as almas e corpos.Um silêncio demorado.
-Etna Maria ,acaso serias capaz de lá voltar?
-Não,Etna
^Porquê?
-Perderia a liberdade de me insurgir contra a justiça.
-Não acreditas na justiça?
-Não,mas não grito.Gritar é sinónimo de morte.E a morte faz heróis e eu não quero ser heroina.
-És uma caixinha de surpresas..
-Talvez.Sempre preservei a minha liberdade interior.Retornar seria o mesmo que regressar à falésia onde me senti tantas vezes uma deusa da minha nudez interior em que as ondas não passavam de sereias sem baladas,em soluços de quem parte sem regresso.
-referes-te ao teu cussiva?
-já partiu,Etna,mas de vez em quando escrevo-lhe
-Escreves?És doida?
-A lua foi cúmplice da tua ausência pelas margens do mar naquelas cálidas noites africanas.Silenciou os cânticos das sereias.Elas desistiram de me ensinarem enfeitiçar-te.Morreram as frases.As palavras já não existem.Apaguei assim ilusões.Hoje sou um devaneio de mim própria a galope ao ventoescoltada pela maresia .já não vou sentindo a tua ausência no meu templo.Como sempre tão longe do meu Ser.Agora nesse Universo etério acaso as minhas palavras teriam ocondão de tocar o teu coração?As mibhas palavras sáo o que me resta dos luares em silêncio.Asfixiei-as em meu pensamento.Por vezes,prendo todo o alfabetonos meus braços,embrulhando-o em folhas secas.Ponho-o num vaso de recordações.Ali travam o vazio com que sempre coabitei.Sei onde estão.Quietas.Silenciadas.Já não penso no passado .Guardei-te no silêncio da memória.Aí dei-te um abrigo.Sei que me mantens esquecida
Que surpresa,Etna Maria.Que segredo tão bem guardado.Oretornar é remexer na incapacidade de recomeçar sem culpas,nem do fracasso,nem do vazio que as circunstâncias foram criando.
-É possivel,Etna.Receio transformar-me num vulcão incandescente e as lavas sáltarem em rodopio confitos interiores há muito amalgamados .
-Tens medo de ti própria Etna Maria?
-Medo?mágoa ?talvez

-Doce brisa afaga a minha imaginação.Passei dias entre o mar e a areia a olhar-te na minha imaginação.O teu corpo surgia esculpido no querer da minha imaginação.Tu nunca vieste.Nunca tinhas tempo.E eu?Morri na praia .As ondas ,essas,visitavam-me e alimentavam a minha vida derrotada pela tua ausência.Ovento levava os meus suspiros e as palavras que sempre quis ouvir.Aguardei um gesto teu,uma palavra tua.Tardou.Quando estavas de viagem para ooutro Universo abraçaste-me .Ciciaste a despedida ,aconchegando-me ao teu peito como se a minha alma te pertencesse.Sentia-me frágil como um copo de cristal,mas forte como o mar embravecido.Nunca matei a esperança .Apaixonara-me pela vida mesmo aquela que me deste feita de ausências do fogo onde eu própria queimei o meu corpo ,acordando desejos,abraços e beijos.Mas juntei-me ao mar e dei-lhe as minhas lágrimas de saudade ao pôr do sol.Quero eternizar aquele momento,guardá-lo no meu coração.Quando o sol acordar ,vou buscar -te ao teu Universo para que juntos sonhemos abraçados mesmo sem as palvras que nunca me disseste.A saudade alimenta-se de mim ,já não preciso das tuas palavras ,de ti resta-me a memória e o silêncio.
-Realmente Etna Maria,o encanto do afecto é como uma orqidea.Precisa sempre de uma estufa climatizada para não se reduzir a folhas de lembranças.-
-olha sabes?Avida não tem definição,nem compreensão .É o espirito de cada um que a fabrica para depois emergir de acordo com o contexto em que se vive.
É bem simples,afinal,
Se é,Etna .Afinal qdo partes ?
-Brevemente.Ainda não decidi.MAS...reparo tens aí um monte de folhas rabiscadas...cartas não
são de certeza...estou curiosa...
-Queres ler?
Qual a dúvida?
-Tens olhos de lince.Etna
-Vá ..lá lê o que para ai está.Aí tens um encontro com Deus e com a solidão em que os homens
consideram a mulher ilógica no raciocínio,tornando-a vulnerável à culpabilidade de que se serve
como arma de controlo..

Maria-filha do Mar

domingo, 22 de junho de 2008

CAPITULO XVI

Estas eram as coisas pequenas mas tão grandes por dentro que faziam parte dos voos da memória.Convertiam -na numa mulher sem pátria afectiva.Por isso,refugiava-se no labirinto de si própria.
-Etna Maria posso entrar?
-Claro.Que tens feito?
-Nada de especial.Ofrio está por ai,não tarda.Nem me apetece sair.Por isso,vim ver-te.
-ah!obrigada ,muito simpático da tua parte.
-Etna Maria viajas demasiado por um tempo já sem tempo.A Terra do Mar longe só faz crescer a saudade.
-Eu sei,mas é preciso ter pulso na tragetória do tempo.
-Para quê?
-Para se contabilizar o que se perdeu.
-Perdes tempo.
-Se não o tivermos ,tornamo-nos em noras de puxar água.
-Que eu saiba as noras renovam a água.
-monotonamente,lavando as agonias sofridas.
-Mas para que viajas constantemente para onde já não tens lugar?
-É a maneira de encontrar o equilibrio do meu EU.
-JÁ sei,é a única maneira de continuares a ser fiel a ti própria.
-julgas que me alimento de mágoas,ressentimentos?O meu presente é apenas um mensageiro
do futuro,pertença de Deus.
Maria filha do Mar Longe

sexta-feira, 6 de junho de 2008

ORAÇÃO DO SORRISO

Ghandi

Pega um sorriso.
Dá de presente a quem nunca teve.

Pega um raio de sol,
faze-o voar lá onde reina a noite.

Descobre uma fonte,
faze lavar-se nela quem vive no barro.

Pega uma lágrima,
coloca a no rosto de quem nunca chorou.

Pega a valentia
coloca-a no ânimo de quem não sabe lutar.

Descobre a vida,
narra a quem não sabe entendê-la.

Pega a esperança e vive em sua luz.

Pega bondade e dá a quem não sabe dar.

Descobre o amor,
o faze com que o mundo o conheça.

Texto recebido de Lucia Mello
MID: SORRISO DE LUZ - G. Peranzzetta e Nelson Wellington

domingo, 6 de abril de 2008

palavras

A lua foi cúmplice da tua ausência pelas margens do mar naquelas cálidas noites africanas.Silenciou os cânticos das sereias.Elas desistiram de me ensinarem enfeitiçar-te.Morreram as frases.As palavras já não existem.Apaguei assim ilusões.
Hoje sou um devaneio de mim própria a galope ao ventoescoltada pela maresia .já não vou sentindo a tua ausência no meu templo.Como sempre tão longe do meu Ser.
Agora nesse Universo etério acaso as minhas palavras teriam ocondão de tocar o teu coração?
As mibhas palavras sáo o que me resta dos luares em silêncio.Asfixiei-as em meu pensamento.Por vezes,prendo todo o alfabetonos meus braços,embrulhando-o em folhas secas.Ponho-o num vaso de recordações.Ali travam o vazio com que sempre coabitei.Sei onde estão.Quietas.Silenciadas.Já não penso no passado .Guardei-te
no silêncio da memória.Aí dei-te um abrigo.Sei que me mantens esquecida.
maria-filha do Mar Longe.

segunda-feira, 24 de março de 2008

terra do Mar Longe xv

Etna Maria vivia num casulo labirintico da solidão,urdido pela trajectória da vida.Ninguém seria capaz de dimensionar o seu mundo despovoado de ilusões.A vida roubara-lhe as raízes da calma terra verde onde germinara o passado de menina,de adolescente ,de mulher e o de mãe.Restava-lhe o futuro ,como pertença de Deus.Por isso,deambulava pelo seucasulo onde contava as suas lágrimas pelas árvores selvagens e os ventos das monções que zuniam cantares de outras paragens banais.Repelia com ferocidade quem quer quee tentasse desventrar a sua geografia humanamente africana.Alguém suspeitaria da cratera vulcânica que a habitava?As pressões do magnma das crostas familiares ,sociais e politicas não conseguiam que entrasse em erupção .Aprendera que não há justiça para os direitos humanos.Lutava ,por isso,por não quebrar os vínculos com a Terra do Mar Longe.Amigos e as coisas pequenas ,mas ricas por dentro foram referências ao amor à liberdade e a uma vida irrecuperável.Um mundo enigmático.
Maria -filha do Mar Longe.

sábado, 22 de março de 2008

terra do Mar LongeXV

Etna Maria vivia num casulo labiríntico da solidão urdido pela trajectória da vida.Ninguém seria capaz de dimensionar o seu mundo despovoado de ilusões.A vida roubara-lhe o passado de menina,de adolescente,de mulher,de mãe.Restava-lhe o futuro.Nele criara um espaço e um tempo onde procurava redescobrir um sentido de vida.Por isso,deambulava pelo seu casulo.Repelia com ferocidadequem quer que tentasse quebrar um fiozinhoda teia.Ninguém suspeitaria da cratera vulcânica que a habitava.As pressões do magma das crostas familares e sociais não conseguiam entrar em erupção.Ao longo dos tempos aprendera a refrear os ímpetos de rotura com a Terra do Mar Longe.As coisas pequemas por dentro foram a grande fada do seu destino,cheia de piedade ,com a face em rios de lágrimas pois o destino estava ainda por se cumprir.Essas coisas pequenas por dentro eram as doces horas da infância,o cadáver de tantas ilusões ,os ventos das monções, as casuarinas rasgadas pelas vozes dos espiritos ,tendo nos corações as coisas que já não são mais os sons,o reino do mar,os muros das nunus ,o sol rosado do amanhecer ,a poesia dos corpos de ambar e o sol antes do adormecer aquático.
Maria filha do Mar Longe..

quinta-feira, 20 de março de 2008

terra do Mar Longe XIV

A pequenada entretinha-se a ficcionar outras histórias transpondo as portas da imaginação.Tombado,passava o tempo à espera do chape chape das marés até ficar submerso.Coitado,tão mutilado podia criar?Reminiscências de escravidões passadas?Era,sem dúvida,uma espécie do expresso do tempo.Sem préstimo,desfigurado,esquelético escuta os rumores dos ventos das monções que pelos solistícios por ali entravam alegremente.Traziam novas misteriosas das savanas de outras paragens .Rumos por desvendar.Oráculo de tempos a perder-se na distância.
O avião seguia o seu rumo .Embalava enganos.O ostracismo seria uma constante.Criaria um vazio.Já não haveria histórias de outros lugares,de outros tempos já sem tempo.A maioria dos novos albinos com raizes longinquas iria percorrer um caminho de pés fatigados.Vinham de uma terra quente ,verde,meiga ,cheia de vida.Teriam de se confrontar com a palavra solidariedade sem temer confronto.Rigorosamente viajariam num Tempo Novo.Por agora ,não passavam de pássaros peregrinos.Tardariam a quebrar as amarras da geografia do corpo africano.
Etna sentia-se uma brisa pelo jardim da esperança ,a heroina que queria ser.
Maria-filha do Mar Longe.

sábado, 15 de março de 2008

terra do Mar Longe XIII

Naquele momento de destroço emoçional em que a vida se tinha transformado,Etna levava aquela visão .Perturbada.Medo da negritude?
Antes de entrar ,virou-se para ver Zaqueu pela última vez.Sentia que a vida obrigava a fazer dela uma pessoa que não era ,solitária e magoada.
Para trás ficava o fio da memória sob as sombras das seculares causarinas.Era uma viagem por uma via escura com uma curva fechada.
Dentro do avião ,procurou o lugar.Era junto á janela oval barrada de pó impedindo a visibilidade das últimas imagens do mar longe.Etna fechou os olhos .O avião descola
subindo pesadamente para o céu. Porém,ainda viu o canal com filas de gamboas encaniçadas,os coqueiros do Mocucune ,o velho barco de ferro estropiado ,prisioneiro centenário das areias.Ferrugento.paralítico das lides da pesca à baleia.As cavernas descarnadas eram contadoras de histórias de pirataria ,abalroamentos no alto mar.
Maria -filha do Mar Longe

quarta-feira, 12 de março de 2008

Terra do Mar Longe XII

ESte ondeado fecundado pelas marés mortas,preguiçosas e rasteirinhas naufragavam fugindo de lamentos.
As rugas do velho serviçal estavam ali naquele rosto perdiam-se em tempos de copos de vinho que o punham a cantar as manqueiras ardilosas dos molungos manhosos.Os lábios grossos gretados ,semi descaídos ,asseados pelo pau de melala deixavam que dentes meio decapitados espreitassem ,denunciando uma burla nutricional de uma frugalidade desvitaminada por muitos e longos anos.
Naquele momento Etna não podia deixar de recordar aquela manhã abafante de Fevereiro.O calor asfixiava.O céu ostentava as vestes cinzentas plúmbeas.Foi quando Zaqueu a chamou para ver aquele parto impressionante.
Etna desceu.Precepitou-se para o muro do quintal .Levantou os olhos .Ficou boquiaberta.Nuvens em pequenos anéis deslizavam do ventre do pneu mãe ,circundando-a como deuses sentados com a angústia espelhada em anéis encaracolados,deslizando para o lado da sala.Chegados aí ,pararam e se ficaram como abutres do silêncio.
Maria-filha do Mar Longe.

Terra do Mar Longe XI

Etna ficou parada por momentos e os pensamentos esqueceram-se da sua perseverança.Aprenderam com o vento das monções impedirem caminhadas.Eram vozes solitárias.Silenciaram.

Etna encaminhou-se para o gradeamento onde o velho serviçal,esguiu,enrugadinho

pela magreza dos anos,as mãos chupadas pela força do trabalho.Era já um passado que ,amargamente,conscencializava o presente de Etna.

-Zaqueu perguntou:

-Senhora piqueno vai mesmo no famba?

-Etna engolindo em seco ,retorquiu:Tem de ser ,Zaqueu.-

-lá na terra dos brranco de prrimera como vai ser?Sinhora não brranco di prrimera e mininos já outrros brranco.

-Não sei Zaqueu-respondeu Etna,encolhendo os ombros,com os olhos mollhados de lágrimas,enquanto torcia as mãos.

-Sinhora piqueno ,não vai,fica com nosso-quase suplicou o velho serviçal.

E continuou:-Lembra aquele pneu mesmo pneu de camião?Lembra onde ficou parado?Foi mesmo em cima do terraço ,no lado onde Sinhora trabalhava.Desde piqueno ,eu ouvir nossos velhos falar shiiiiiiiiiiiiii maningue desgraça.Sinhora vai sofrer maningue.Aqueles nuvens dentro dele ,estão falar como leão com fome,chorar,

doença,morrer,shiiiiiiiiiii maningue problema.Sinhora não vai.

-Zaqueu,meu velho,tenho de ir.Etna abraçou o velho serviçal,de olhos entrestecidos

num rosto enrugadinho que mais faziam lembrar o ondeado no areal

para ti

Te amei.. . Quando ninguém mais te amava. Te abracei... Quando ninguém mais te abraçava. Te ouvi... Quando ninguém mais queria te ouvir. Te sorri.. Quando minha alma chorava, apenas para te fazer feliz. Hoje minha alma continua chorando, calada, sem ter ninguém para fazê-la sorrir! Maria -filha do Mar Longe

silêncio

" O SILÊNCIO" Como é bom o silêncio, Quando prefiro Estar a sós comigo, Para o meu mundo interior Onde sozinha… me abrigo Sem quaisquer defesas, Me revelo, , .me choro. Como é «tristeo silêncio, Quando te chamo, E peço que me ajudes um afectuso abraço e me desiludes … E com ar de embaraço, Deixas-me um rasto de sargaço, Sem vida, ressequido.. tronco corcomido. Maria -filha do Mar Longe

quem sou eu?


Quem sou eu Tenho fases, como a lua// Fases de andar escondida,Tenho fases de ser tua,// tenho outras de ser sozinha// Fases que vão e que vem. Fazes em que me julgo ninguém.Sou alguém que nada tem.Nem a sorte me tem. maria a filha do mar longe
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Quinta, 6 Dezembro 2007 às 16:05
Sou Feiz porque nasci em Inhambane porque Inhambane é a Terra da Boa Gente que significa na Lingua Gitonga "entra para dentro de casa",convite que os habitantes fizeram aos portugueses que ali aportaram para se resguardarem da chuva e que Camões canta em #Os Luiadas" porque a minha língua é a LÍNGUA pORTUGUESA. porque a LÍNGUA pORTUGUESA me deu uma Pátria porque chapinhava nas águas da chuva ao sol e ao vento porque depois apanhava filária tratada com cortes de lâmina e banhos de águas de plantas africanas colhidas no mato porque apanhava matacanhas curadas com cinza quente depois de tiradas com um alfinete por desinfectar prque andava descalça na areia a ferver sem me imprtarcom os picos bem afiados porque comia mangas verdissimas que provocavam febrões porque comia também cajú,jambolão,cigoma,zirriva,maçãzinhas e os moranguinhos da ganga. porque fui mãe de cinco filhos amamentados com chá de ganga ou cacana que me punham os seios que nem cabaças porque guiei durante 6 anos à revelia porque fui criada entre entre africanos com quem joguei à bola e fugia para a praia porque sou do tempo em que se viajava de Xitemela até Inharrime para aí se apanhar uma camioneta o "tornicrofe"semelhante a uma carrrinha celular toda em ferro e com janelinhas para o ar. porque fui aluna do Colégio de Freiras,onde aos 7 anos aprendi Francês com uma freira educada no Sacré Coeur em França porque sou do tempo do XINKUERRENGUE aos sábados à noite porque o meu molungo engenheiro nunca levou um tostão pelos projectos para igrejas ,mesquita,escolas,colégios e maternidades porque tive um pai de "letras gordas "que no primeiro dia que dei aulas me disse para não me esquecer que era de um país de muita raças e religiões e pelo facto de ser branca não tinha o direito de me impor,mas respeitar as diferenças porque tive uma mamana que me criou e só queria que a sua "sanana"viesse para o xilunguine dos brancos de primeira porque saltava os muros das nunus para pilhar linfete ou bolinhos de coco ou ou de sura porque o cipaio GEREMIAS me adorava e não dizia à minha mãe que estava em cima de um galho a comer amendoas verdes como as ervas porque fisgava as galas galas de cabeça azu porque cada filho plantou uma árvore porque o mainato júlio corria pelo quintal para o meu filho respirar por causa da tosse convulsa porque em Inhrrime há poços de petróleo selados desde 1948 porque havia pombos verdes noMocucune porque sou branca de segunda classe porque fui professora de alunos com cargos no amaoçambique moderno porwue tenho paludismo crónico porque vi tubarões,dugongos e peixes voadores porque comi matapa,plau,bagias,maningue mandioca ,linfete,coco lenho,castanha de cajú a estalar debaixo de uma chapa de zinco porque as minhas amigas eram brancas,pretas,mulatas e mussulmanas porque andei de batelão ao ritmo de "Maria Teresa zicuta" porque os madalas e os cocoanas eram respeitados porque não sei nada de politica porque o meu filho mais velho não fez aquela guerra inútil que só serviu para mutilar corpos e almas porque vivo num país onde não há pão ,toda a gente ralha ecom razão porque nunca fui uma burguesa "empatée" porque o arigo 4º dos acordos se esqueceu de respeitar os "bens # e as "pessoas" porque tive capacidade de sobreviver à marginalização porque fui conotada como "colonialusta"sem o ser porque este pais aprendeu a lição e lutou com garra pela causa de Timor porque ainda viagei na antiga frota colonial por mars nunca dantes navegados porque este país continua a ser um país "das mais desvairadas gentes" porque sei onde fica a Ponte Salazar porque tmbém sei cantar Vila morena porque prezo o respeito pela instituição Escola como fonte do Saber porque ainda tenho respeito por valores humanos porque revesitei IANHAMBANE e fui carinhosamente acolhida porque nada posso fazer pela mediocridade,nem pelos pavões em brutas bombas Sou verdadeiramente Feliz por estar viva,sã e ser uma kotinha de netos que me amam SOU REALMENTE FELIZ

terça-feira, 11 de março de 2008

meus fantasmas

Nas asas de cada palavra
viajam meus fantasmas
um Amor navegador
vi partir
lágrimas doridas
de cansaço choradas
quiseram ir
Pobres montes de sargaço!
Espalhadas
na paisagem
sem aragem
em viagem
num barco moliceiro
pelas noites de nevoeiro
num adeus derradeiro.

maria .-filha do Mar Longe

terra do Mar Longe X

-Pudera,Mãe África.Tens de compreender,sae-se de uma História para se entrar numa Nova História.É o regresso a outra infância.É África a seu tempo,ao tempo determinado.Depois vais recordar coisas deixadas pela colonização?
-O rumor da independência fala mais altominha filha.Como gostaria que
ouvisses o pulsar do coração do mundo novo...
-Mãe África ,para onde querque eu vá ,acredita ,serás uma esperança com o rostoda lua.Em cada lufada de vento tu estarás,nas minhas lágrimas,,na tristeza e na dor por uma guerra que mutilou almas e corpos.Abraça-me Mãe África,sofro na alma o amargor que tu choraste.Levo comigo a mágoa da saudade.Que se conserve em ti a esperança de rever-me.
-Etna,lamento muito a tua opção.Não consegui demover os teus medos.
Mas sei que no outro lado do Equador ,vais fazer parte da consciência da tua Mãe África.
Etna silenciou-se .Naquele momento atravessava um mundo solitário dos dias que haviam de vir.Rendera-se à evidência dos argumentos da Mãe África ,a consciência de uma nova História que desafiando mortes seculares ,faria os alicerces de uma nova Era.
-A Etna restava-lhe a memótia.Jurou neese momento,cuidar bem dela.
Para Etna ,África seria sempre a África das suas infâncias,a África de todos os tempos ,das caçadas aos inhalos,aos búfalos,às gazelas lá para os lados de Mapinhane,das praias a estender-se de vista,dos machongos
cultivados a paredes meias com as marés,dos pangaios de velas enfunadas,dos marinheiros de calças arregaçadas dos braços em geito de cadeirinha levavam as sinharas para terra,do xitimela que bufava lentamente pela cidade em direção à ponte de cais,das mufanitas que vendiam amendoim a quem passava ,do xinkué rengué aos fins de semana para gaudio dos molungos jovens fervendo
que nem bestas ferozes cravavam as garras nas doces deusas de ébano da noite.Uma África feita de eventos maltratados,chorados,amaldiçoados,arrogantes,maldizentes.
Etna procurou-se no que restava da luz da tarde.Etna também é África .Nasceu África .Pensa África,´.Pariu África.
Onde quer queestivesse não esqueceria que era errando que se aprende.
Quem estaria a errar naquele momento?O livre arbítrio estaria em questão?Alguém poderia dizer que o que estava errado era certo e o certo errado?Para Etna sóa experiência seria capaz de encontrar a verdade do certo ou do errado.
MARIA-filha do Mar Longe

segunda-feira, 3 de março de 2008

a Terra do Mar Longe IX

-De zelo?Ou antes prenúncio ostensivo de opções?É o que queres dizer?
-Não.Quando muitoé um desafio às regras articuladas pela chibata do cavalo marinho
e das palmatoada,bem como às grilhetas nas pernas como jógós de um circo.Já te esqueceste do que te aconteceu qdo menina viste aquele maconde estiraçado no chão esquartejado das chibatadas ensanguentadas e tu ,ao regressar a casa ,os teus pais tiveram de chamar o Dr.Franqueira?Os teus nove aninhos estavam compadecidos ,silenciados e os nervos febris.
-E o que tu vês e tanto te intimida ,não passa de uma espécie de hybris da tragédia grega.
-Ah!Já percebi...Significa ...uma forma subreptícia de desafio à velha ordem.
-Nenhum desafio faz um precurso linearmente.Sabes tão bem como eu.Certamente que haverá um longo caminho de esperança a percorrer.Fome.guerra,doenças,injustiças,corrupção,carências...enfim,conjunturas,desconjunturas
ao sabor de interesses falaciosos.
-Prevês precursos com avanços e recuos dominados por desconfianças infindáveis?
-É verdade.Deixem os povos seguirem o seucaminho.Aprenderão que esta terra deu
coragem e resignaçãoe espirito de luta sem miragens nem mitos.Acabem com o preconceito de manter povos com uma esperança de progresso `do instinto da sobre
vivência.
--Estou a compreender-te ,Mãe África.As transformações serão irreversíveis.
-Sem dúvida.,filha.Parte se assim entenderes.Se um dia vieres visitar-me ,só o sol,o ar
e o mar esperar-te-ão tranquilamente sentados à sombra da tua casuarina já tão encanecida e vão murmurar fundos segredos que falam de saudade.
Mãe,sinto-te renascer com um sorriso de fé e de esperança.Partindo,meus beijos abraçam-te.
-Filha,euestou onde sempre estive.Simplesmente agora não posso adiar a conquista do futuro.E este rodopio zunindo aos meus ouvidos desfazem-me em infterrogações.
Maria-ffilha do Mar Longe

domingo, 2 de março de 2008

A terra do Mar Longe VIII

Incrivel aquele volte face!Etão repentino !comentava surdamente Etna.Antes de subir
para o avião,virou-se de costas e Etna falou em voz alta para o distante,como se um ser mítico ali pairasse.Espanto dos ventos com as ondas às costas,o rumorejar longinquo das casuarinas e do bambolear dos coqueiros.
-Mãe Á frica que silêncio o teu.
-Filha cada um escolhe o seu caminho.
-Não te sabia tão indiferente perante esta debandada inquieta.Mais parece um êxodo
biblico.
-Só que neste êxodo como dizes ,não há nenhum Moisés para divinizar milagres ,nem
mandamentos e tb não um Mar Vermelho para atravessar a pé enxuto e muito menos
soldados em perseguiçáo.
Mas ,Mãe África perder-se.ão para sempre a riqueza das coisas pequenas por dentro.
-Eu sei,olha Etna essas coisas pequenas com os seus suspiros e a sua revolta tomarão
proporções de coisas gigantescas.
-Mãe África que queres dizer?
-Quero dizer que essas coisas pequenas ricas por dentro com o tempo vão trazer histórias dos longes ,infâncias perdidas,saudades estranhas,silêncios esmagados por
momentos de amores da cor de ébano.
-Quer dizer esse será o rumo a percorrer para que os novos albinos possam um dia rever esta terra sem ressentimentos.
É a maneira de se redescobrirem até que ponto foram protagonistas e voltem a sentir que é aqui que estão as suas raízes.
Bem,tenho de concluir que aplaudes este exodo....os teus búzios já quebraram o silên
cio sobre a nova História ,ou estarei enganada?
-Uma Nova História.Novos Tempos,minha filha,Novas Vontades,Novos Horizonte,é verdade.
E qual será a linha dos Novos Horizontes?
-Serão Novos Homens que irão tecer nos Novos Teares da Nova História,tal como na História do outro lado do Equador vai acontecer o mesmo.Não me digas que para ti
o tempo vai parar.Se parasse haveriam só fósseis.Também Novos Homens vão destruir velhos mitos.Serão incompreendidos,cuspidos,censurados.
-Pelo que acabas de me dizer vives eufórica este momento .Despes a tua melancolia,a revolta silenciosa e ouves a voz do Progresso.
-Já esqueceste que toda a História tem o seu timing?Dá tempo ao tempo.Deixa que
a Nova História se movimente ao ritmo do tempo africano.Para lá do Equador ,o tempo tem o seu próprio ritmo.
-Diz-me eu não faço parte desse ritmo?
-Tu é que tens de fazer a tua opção
-Não posso.Vivo em constante pânico com o troar das metralhadoras à noite...lá longe.Os postos de controlo são supervisionados por africanos carregadamente escuros.Fora aqueles que entram pela casa dentro equipados de bazucas,cartucheiras
à laiade colares havaianos,como forma ,talvez ,de intimidação...
Nada disso.Sabes bem que em momentos de rotura,há sempre excessos de zelo....
Maria-filha do Mar Longe.

sábado, 1 de março de 2008

a terra do Mar LongeVII

Pobres novos albinos!Nunca se tinham dado conta de que afinal,não passavam de simples aduladores de um poder que naquele momento se extinguira e cada um ficara entregue ao cadáver das ilusões.
Aqui,ali ,lá mais adiante esperavam os granitos enegrecidos que olhavam entre lágrimas silenciosas o espírito das árvores sem ninguém a cuidar delas ,os palheiros a cair de reumatismo .Tinham a consciência de que os novos albinos de mãos vazias,lábios secos trariam a esperança,com sangue e suor,do rumorejar dos campos porque traziam um deus dentro de si.
Aquele sol de um azul límpido acariciado pelo aragem amena e pelo odor da maresia ao cair da tarde pela maré enchente viu Etna sair da sala de controlo.Aproximou-se do gradeamento no desejo de um adeus afectuosoAli estavam os serviçais de longa data,gente que ajudara a criar as suas sananas.Nela tremia a saudade antecipada.Não estava a ser nada fácil nem desenraizar-se ,muito menos despatriar-se e muito menos ser uma sem terra.Mas partia-se.Deixar a terra do Mar Longe era enfrentar os abutres do medo e do silênciodisfarçados em Cristo de voz doce e amena.Os deuses loucos impunham um naufrágio de que os sobreviventes nunca mais se salvariam nem da solidão,nem da escuridão da morte.
Maria .-filha do Mar Longe

imaginação

Doce brisa afaga a minha imaginação.Passei dias entre o mar e a areia a olhar-te na minha imaginação.O teu corpo surgia esculpido no querer da minha imaginação.Tu nunca vieste.Nunca tinhas tempo.E eu?Morri na praia .As ondas ,essas,visitavam-me e alimentavam a minha vida derrotada pela tua ausência.Ovento levava os meus suspiros e as palavras que sempre quis ouvir.Aguardei um gesto teu,uma palavra tua.Tardou.Quando estavas de viagem para ooutro Universo abraçaste-me .Ciciaste a despedida ,aconchegando-me ao teu peito como se a minha alma te pertencesse.Sentia-me frágil como um copo de cristal,mas forte como o mar embravecido.Nunca matei a esperança .Apaixonara-me pela vida mesmo aquela que me deste feita de ausências do fogo onde eu própria queimei o meu corpo ,acordando desejos,abraços e beijos.Mas juntei-me ao mar e dei-lhe as minhas lágrimas de saudade ao pôr do sol.Quero eternizar aquele momento,guardá-lo no meu coração.Quando o sol acordar ,vou buscar -te ao teu Universo para que juntos sonhemos abraçados mesmo sem as palvras que nunca me disseste.A saudade
alimenta-se de mim ,já não preciso das tuas palavras ,de ti resta-me a memória e o silêncio.
Maria-filha do Mar Longe

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

terra do Mar Longe VI

A memória,afinal,não era assim tão curta.A dura realidade rural,a da criada de servir a soldo miserável,a tempo intero sem direitos à dignidade humana como trapos para
todo o serviço iria emergir da bruma dos tempos da memória tempos em silêncio.Ficaria para trás o calor ,os mosquitos nos sítios mais reconditos do mato ,a cantina sempre povoada de africanos que se empenhavam com as latas de castanha de caju levando para a sua tombazana uma capulana multicor para ela dengosa oferecer os seios e os braços nus e numa voz humana e doce dizer "eu dou-te o paraiso"
O que aquele sol não sabia!A experiência de navegador universal pelos sete céus valia-lhe de muito.Deveria ter ficado a meditar como a Vida é uma batalha enorme onde uns perdem e outros ganham,mas naquele momento a ignorãncia do momento
aturdia o afã dos que partiam.Tinha-se perdido a liberdade de se ser quem se julgava
ter sido sempre.O aqui já não existia,o agora não tinhs limites de espécie alguma.
Nesse agora haveria que desafiar os deuses volúveis para quedessem outro significado ao regresso ás casas de infâncias para não se encetar um vida com medo.
Acaso àqueles novos albinos ter.se-ia varrido da memória os montes escarpados,os vales aninhados de verde,os campos desertificados?Se calhar já nem se lembravam
das cozinhas toscas,palheiros moribundos por onde se enroscavam ervas daninhas,esconderijos recatados tendo como inquilinos lagartichas encobertos pelo
musgo arrepiado pelas geadas enregeladas.
Terras esquecidas abandonadas ao tojo.Estábulos semidecapitados envelhecidos pela
senelidade dos velhos prorietários já cansados daquele viver na solidão dos tempos e dos espaços.Há muito que os tamancos lamacentos,os botins enlameados,a charrua enfurrejada,o candeeiro trémulo de azeite pendurado num prego num barrote bolorento a servir de prateleira ,as paredes rugosas,sombrias pela fumaça do fogareiro,caminhos escalavrados temidos pela lama invernosa sentiam a necessidade
do afecto humano,do homem ao encontro do homem e do ecoar de vozes´mais além
o carro dos bois frustrados de tão longa inércia e a pocilga tresandando a fetidez anoiteciam na terra que os despiu do poder de servir.
Maria-filha do Mar Longe.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Terra do Mar Longe V

Etna deu-se conta de que o azul daquele céu já respirava memórias do outro lado do
Equador para onde se dirigiam os novos albinos.Aventureiros sem rota definida.Paisagem humana.Andariam de um lado para o outro à procura de um lugar onde pudessem descansar humilhações e amarguras.Ou instalar.se-iam em espaços de um passado longinquo habitado por rostos familiares .Uma tentativa de recuperar a vida aburguesada trazida a reboque do antigamente.
A memória é como uma câmara escura.Flashes repentinos iluminaram aquele presente de Etna.Desfilaram retalhos de infância,adolescências de líbidos recalcados,jogos de sedução escondidos para se manter incólumes éticas preconceituosas,autenticas portas abertas a vidas sem projectos,mas vivenciando amores da cor de ébano fechados a sete chaves no coração.Ainda hoje os revivem quando a solidão vem visitar como inclemente maldição.
Etna olhou pela última vez os coqueiros altaneiros,os cajueiros coloridos de seios africanos,pomos de nectar já voluptosamente atrevidos.
Mufanas e moleques encostados ao gradeamento de controlo do embarque apreciavam inexpessivamente aquele agitado reboliço dos novos albinos.As memórias de um passado em redemoinho despertara memórias.Iam despir-se de ressaibos passadiços que fantasiaram linhagens mistificadas numa ascendência brasonada.Porém montes e vales,rebanhos de cabras criadas ao relento,tiritando de frio,balindo pela imensidão das terras eram outra imagem do mundo.Molhos de lenhapara cozer o pão,crepitar a lareira ou fumar os enchidos,na falta de outro peguilho para aconchegar o estomago dava a nostalgia de um mundo que só existiria
com resignação dentro de cada um envolvido pelo vento das monções.
Maria-filha do Mar Longe

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

terra do Mar Longe IV

Ninguém tinha consciência de como tudo seria alterado.Esse tudo implicaria
aprender a ter outro tipo de coragem para evitar que a vida se transformasse num
inferno.Claro que seria inevitável o aparecimento de muitos Zé Ninguém,como também muitos LULUS a sacudir a cauda constantemente.Não faltariam lambebotas,servis,dependentes,corteses,ousados,viracasacas e até molúrias tipo magajojos,insignificantes,mas prestativos,mas incomodativos pela gelatina de que se revestemquando espezinhadosCriaturinhas nojentas.Muitos levariam tempo a esquecer as patranhas deitadas ao vento,clamando uma ascendência que
afinal residia nos molhos de lenha à cabeça ,mas ao passarem o Equador tudo ficara coado.Em contrapartida ,choveriam as gabarolices de um nível de vida reverenciado pela criadagem ,um passado pintado com as cores do arco iris.Mal se davam conta de que ficariam limitados à condição de forasteiros na terra dos antepassados.Estranha condição humana.Nem imigrantes seriam.Gente diferente.Um subproduto social.
Naquele momento ,aquela Africa ,maternal,castrava nas suas entranhas,a sua maternidade humanista.Aquela terra africana como todas as terrs africanas têm
bosques,florestas,clareiras,matagais,savanas sedentas de vida verdejante.Parem segredos ,mistérios,paixões com a cumplicidade da noite,cóleras,enquanto os sotiçôs de Agar vagueiam em liberdade quer pelos becos encaniçados,quer pelas margens das águas como guardiões da era promissora que se avizinhava.
Maria -filha do Mar Longe.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

terra do Mar Longe-III

Respirava-se uma nova era,sem contornos,nem linhas definidas e muito menos sem a capacidade de aguarelizar o futuro em tons quentes e esfusiantes.
Os que insistiam em não arredar pé comportavam-se como meros espectadores.Era como se estivessem instalados num camarote de um teatro,refastelados em almofadas aveludadas de vermelho arrematadas a dourado.Parecia que assistiam a uma peça burlesca ou melhor ainda a cenas hipotéticas ,grotescas ou caricatas de alguma ópera que conheciam de ouvir falar.Não entendiam correctamente o enredo porque a encenação era de gestos ,correrias,vozes alteradas,gritantes,desconexas.
Etna jamais esqueceria essa tarde como a pelicula de um filme constantemente em rodagem na retina por anos ininterruptos.Sabia de cor a sequência das cenas.Conhecia pormenores de cada uma delas.Reencarnariam como sementes do passado com a missão de tornarem a nova época bonita num manto de esperança,bloqueando forças nocivas e dispersando as energias negativas da História
dos Homens.Quando morresse ,Etna seria uma morta sem sossego.Voltaria para reviver naquele espaço que lhe era castrado apenas por causa da cor da pele.Seria então feliz.voltava andar descalça,saltar os muros das nunus da esquina e deitada na esteira lambuzar-se de linfete ou bolinhos de coco ou fisgar as galagalas de cabeça azul.
Embora hajam momentos que dóiem muito,estes arrastam o eco da sobrevivência.Por isso,a Etna restava-lhe apenas caminhar de olhos vendadoscomo que à beira de um abismo e neutralizar obstáculos para não produzir mais estragos na
sua alma.Só Deus sabia como afinal todos estavam com os nervos em franja.
Quer os que ficavam,quer os que partiam nem imagiinavam as surpresas que o amanhã ,o depois de amanhã entrariam pela casa a dentro,ora felizes,ou traiçoeiras,
subtis,engenhosas.Poriam à prova a capacidade de reconstruir o novo homem como
cidadão com novos objectivos e capaz de gerar novos seres.
Maria -filha do Mar Longe

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

quem sou

Sou apenas um poema
de versos soltos ao vento
sem sequer um lamento
talvez mesmo um fonema
dito sem tempo.

fui pétala duma Flor
de tons ,lindas cores
Hoje vagueio ao sabor
de gratas ,ternas lembranças
para os sitios onde for
já sem aromas...odores.

Sou complicada metáfora
sem me saber decifrar.
Sou talvez uma melodia
que se ouve na maresia
luz sem cor e sem calor
pela palidez do dia.

Porém.ao amanhecer
sou talvez ainda magia
e pelo anoitecer
sou uma sereia infeliz
ou uma árvore triste
já com uma velha raiz.

Meu nome?o que quisserem dar.
Sou apenas um Eu
já não tem nada de seu
um poema por acabar.

Maria,filha do Mar longe

quem sou?


Eu sou
fragmento de um tempo
que já passou..
O presente,um momento
que fez de mim
assim como sou
gaivota ao sol
e pensamento do vento.
maria ,filha do Mar Longe.

A Terra do Mar Longe

Aquele céu sempre tão límpidamente azul,apesar de,por vezes,se cobrir de nuvens coléricas ,em avalanche na época das chuvas,assistia estupefacto àquela debandada pressionada por deuses vulneráveis no seu livre arbitrio,cheios de desdém.
Uma terra feiticeiramente acolhedora,repleta de requebros sensuais,esvaziava num momento uma identidade secular ,olhando impassível aquele vai vem .
Aquelas gentes converteram-se num abrir e fechar de olhos,num fóssil histórico que os tempos se encarregariam ignorar em nome de uma nova
Paz e em nome de uma nova Justiça.Porém,ninguém estava em condições de antever o que iria acontecer.Os que tinham decidido ficar,não se apercebiam de que já não eram senhores de si próprios,nem
tão pouco do seu poder aburguesado.
Uma nova era tomava vulto.Enigmática.Talvez por isso se partia.Os que insistiam em não arredar pé comportavam-se como meros espectadores.
Maria filha do MarLonge.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A Terra do Mar Longe

O sol insistia em aquecer o aeroporto pejado de gentes.Um vento fresco trazia o eco do Mar como a expressão passiva do drama que nos rodeava.Uns partiam fervendo horas de expectativas cruéis ao partirem da terra que vira nascer geraçóes .Era o torrão natal.Outros não
encontravam razão para ´não caminhar pela estrada longa da esperança no futuro.Outros comportavam-se como meros espectadores.
Os que partiam já nem reparavam em ninguém.Era como se entre uns e outros ,o presente e o passado fossem já vocábulos sem conotação afectiva.Velhas amizades iam se transformando em
sombras de lembranças.
Era como se o verde das ervas tivessem ,de repente,perdido o viço e as raízes mirrassem por uma queimada irrompida bruscamente por mãos calosas e ásperas pela calada da noite para preparar as entranhas da terra para nova colheita de mandiocais .
o regresso para lá do Equador hostilizado assustava as florinhas dos montes ,o cortejo das estrelas,os roseirais,as folhas a cair e os ventos frios. (cont)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

quem sou

Sou a filha eterna
dos coqueiros
tão altaneiros
de verdes cabeleiras
abraços das palmeiras.
Secas são esteiras
nelas guardei meus segredos
meus doces enredos
cantados,sonhados,castrados.
Sou a filha dos búzios
que me choraram
me abraçaram
na hora do adeus
em soluços
Sou a filha das chuvas
a gotejar
meus cabelos enredar.
Sou a filha-mulher
feita da tua rebeldia
Oh!Mãe ÁFRICA
SOU uma fatia esguia
das tuas florestas
das datas em festas.
Ah!Como tudo de ti vibrou
uma africana gerou ,
ao sol,ao vento te cantou
trovas que tanto amou.

Maria-filha do MAR LONGE.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ecos

Adormeço no aconchego dos sonhos .Esvoaço no meu cavalo alado pelas ondas a marulhar ao ritmo do sussurro tranquilo das casuarinas.Sou nuvem passageira .Um vai vem.Um castelo de areia na beira do mar.Aí espero pela noite repleta de estrelas para me sentir deusa enlouquecida por ser apenas um corpo por onde se cruzam e fogem a música e o fogo dos espaços eróticos em festa
Falo de mim em gritos entre lágrimas e sorrisos .Tarde demais para me doer a nudez da minha alma.Vazia.O brilho estrelado da noite continua a toldar o meu sono.
Uma imensidade de sentires,um abraço do que já não volta nem vem.Fica guardado
a sete chaves no fundo do coração.
O meu cavalo alado chama-me e relinchando voa sobre o ontem e o amanhã.

maria filha do Mar Longe

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

navegar

Os sons da banalidade chegam-me todos os dias ,mas não enchem
de cinzento o meu quotidiano ,apenas me dão força para partir no meu
veleiro em direcção a sítios só meus .Aí pinto as cores do arco-iris nos meus sonhos e eis que o azul surge em várias nuances .Porquê?Ah!a inocência mora ainda neles ,criando para mim um céu também só meu.
Viajo sem Amor .Aternura passou sempre de longe.E eu com uma alga ao
peito na proa aspirando a maresia do Mar Longe oiço os segredos petrificados dos corais,habitantes do esquecimento,e o Mar aberto veste-se com as cores que os sonhos lhes concedem.Recriam luas sensuais e renascem diariamente como poemas.Maria do Mar Longe.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

sul africano

A terra do mar longe fica já tão longe.O sul africano aconchega-a na maresia e canta-lhe histórias de embalar.Foi plantada à beira mar.Consola-se em contemplar o vai vem das marés .Furiosamente sobem e descem o paredão ,hoje saudoso da criançada.Ausente para lá do Equador.Já encanecida .Mergulhada no
respeito pelo Planeta Terra,por culturas diferentes ,pelo próximo-parvoices dos
"hippies"?Porém,no fundo do coração ,ninam a terra do mar longe que a viu crescer com projectos de vida.
Aquelas marés muito gostam de subir e descer o paredão na tentativa de o galgar e invadir a rua.Casuarinas centenárias agitam-se incomodadas por não poderem
enfrentar os ventos das monções que aparecem a partir de Setembro.As bugalhas ,miniaturas de pinhas ,espalham-se pelo passeio esfarrapado pela erosão e pelo esquecimento da memória dos tempos e dos homens ,novos donos
daquele rincão histórico.Aqui e ali ,terra solta.Covinhas dão-lhes guarida e quando,pés descalços aí trpoeçam ...ai...puxa...que picadela !Uf!Aquelas bolotinhas gorduchonas ferram bem com os seu dentinhos bem afinados.
Casas ainda bem ao velho estilo colonial com os telhados de zinco,resguardadas
por muros bem altinhos ladeiam o passeio oposto ao paredão.Ali ,de pé firme, estão ainda ,impávidas e serenas.São pedaços de uma longa história de vidas dispersas por esse mundo fora.
maria ,filha da terra do mar longe.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

terra da boa gente

Por muitos anos que decorram sobre a partida de Africa ,as recordaçóes de infâncias perdidas ao sol ,ao vento,abrem sempre as portas da saudade,de espaços ,hoje desertos,ao fluir da amargura .
A identidade dos que por lá andaram perde-se ,fragmenta-se na angústia profunda que mina vidas.
Há anos ,imagine-se ,esqueci a data-estará resguardada no subconsciente?-fui reviver a terra onde eu e os filhos nascemos -um pedaço de terra igualmente plantado à beira mar ,-onde as casuarinas milenárias a defendem da erosão e dos ventos das monções vindos de savanas de outras paragens africanas num constante "zummmmmmmmmmmmmmmm",arrastando poeiras arenosas que invadiam sem cerimónia o interior das casas.
Não tenho palavras para expressar esse reencontro.~
Reavi um passado.
Despedi-me sem palavras.
Pensei:"Palavras que não dão luz são inúteis e aumentam a escuridão de uma grande solidão que se fecha na mão.
a Maria do outro lado do Mar.

Terra da boa gente

domingo, 20 de janeiro de 2008

quem sou?

nome-Onda do Mar
idade-milenária
data de nascimento-qdo conheci alguém que Deus como prisioneiro tem não sei onde-na Floresta das Sombras?
naturalidade-Terra do Mar Longe
minha vida-marés vazias de afectos
endereço-meu coração
minha sorte-Solidão
minha luz-pálida desde o amanhecer
meu desespero-nunca ouvi :"és a mulher da minha vida"
meu pensamento-Presença /Ausência
uma música-sonata ao Luar de Beethoven
um sonho-Amor
um nome-Silêncio
uma recordação-"vou deixar-te,"mansamente,docemente,humildemente num abraço muito abraçado.
uma verdade-sou uma derrotada
uma realidade-mágoas
minha vida-esperar à beira mar pelas marés vivas de Setembro.
meu destino-PARTIR para Voltar de novo com outra missão-PERDÃO.

MARIA do outro lado do mar

sábado, 12 de janeiro de 2008

quem sou?gente sem história

Eu já não tenho lágrimas .Estas depositam-se no coração como o calcário na máquina de lavar.
O tempo já tão longe vai trazendo lentamente a noção de que a vida é como um sonho e os sonhos são como as nuvens e nada nos pertence senão a sua sombra.Vou sendo gente sem história.Vou existindo na memória do acaso.Os que morrem,desaparecem como se fossem estre
las que tombam.Caem sem nenhum ruído,sem se saber onde nem quando.Ficam ténues lembranças que,por vezes,que não deixam pertencer a um só lugar e impedem a tranquilidade de não dividir memórias.
A vida ´e uma dádiva de Deus,perante a qual não podemos nem quietos nem manietados.Por isso,sinto-me sempre levada por um tornado de vento,apagando dos olhos o sofrimento.Luto por
sonhar com o impossível.Esse impossível é visionar nas dunas infâncias gargalhando de tronco nu.Ao fim e ao cabo,tenho sede daquela ternura como o deserto de água.Quero tornar a nascer
para não perder a minha essência de Ser para não sentir que já não sou nada.Sou gente.Posso ser gente já sem história.Recebo mensagens que deslizam velozes,mensagens de uma existência
Consigo ,então,ver troços calmos,tranquilos,paisagens,profusão de flores ,arco iris.Dão-me guarida e deixam-me flutuar nas ondas do Mar Longe.Vou e venho.Trago-me e levo-me.Nesse
vai vem ,vou esboçando o Ser que sou ,gente já sem história.m
MARIA filha de um Mar Longe.