quinta-feira, 1 de outubro de 2009

diálogo com Deus(cont)

Era ali que Etna convivia com ela própria.Sentia-se sã e viva.O presente já era de rugas ,picadas de areia solta batida pelos ventos da História que escolheram para viver partilhando-a com um Deus ,apenas Deus que nada tinha a ver com aquele Deus impingido quando criança.Instalara ali um Deus com Quem partilhava um diálogo sem fim numa história de vida .inacabada ao ponto de O equacionar de forma tão impensável.
Afinal eu não conhecia verdadeiramente Etna Maria .Sabia-a enclausurada numa torre de marfim a que eu chamava casulo labirintico.
Com aquelas folhas entre as mãos ,eu ia partilhar igualmente do eu profundo de Etna Maria naquele relacionamento que geme no exílio da sobrevivência onde já há apenas noites sem luar.Mantinha-se fiel á convicção de um Deus que dormia nos seus olhos,acordava com Ele nos olhos,vivia no seu coração,guardava-lhe as lágrimas das memórias ,agitava-lhe a sede de justiça,palavra da terra do medo,transformada em cinzas dos tempos.Quem as transformara?Homens?Deus?Certamente que Homens.Se esse Deus presenteou os Homens com o livre arbitrio ,as opções trazem dor,tristeza,desamor e o amor é ouvido a morrer de fome.a verdade
do que cada um é em si próprio.
-Tu és javé,para uns,jeová para outros,também Emanuel,Osiris,Hórus,Alá,Buda,Zeus,Júpiter,Mantu,sei lá que mais ...cada povo recria-te no seu imaginário.Sei apenas que és um Ser ,o eternamente escondido.Escapas aos sentidos como uma enguia.O indicifrável.A força da distância.Um tempo sem tempo .Circulas o espaço ,a velocidade
,o som,as memórias .Mas a minha percepção madura na tua palavra.
Maria,filha do Mar Longe

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