terça-feira, 2 de novembro de 2010

sou o que sou


Etna


A noite vazia transforma o silêncio que me lembrou que tu és a minha interlocutora priveligiada.
Preciso de sair desta solidão ,Se não fossem as tuas cartas como as feridas da saudade se cicatrizariam?
Vivo um coração triturado por tanto que perdi.Custa-me admitir que o sonho se evadiu e esse sonho flutua como a viagem que tu tanto insistes em marcar.Não sei se irei.
Passeando pelo calçadão ao longo do rio ,o frio trouxe-me para casa onde o vento me fez lembrar
as monções da Terra do Mar Longe.Olhei o céu despido de estrelas.É nelas que quero guardar as coisas pequenas mas grandes por dentro .Sorriem.Recusam-me .E eu quero ir ao encontro da minha estrela azul para nela encontrar Paz .Nela escrevo a minha solidão ,Sabes o que fez?Estendeu um raio de luz para esquecer o tempo em que andei perdida .A minha alma ouviu uma orquestra de citaras que fizeram recordar em silêncio o eco do Amor que queima dentro de mim e teimo em repudiar.
Afinal,Etna quem sou?
sou um sonho inacabado
sou a incerteza da certeza do que sou
sou solidão
sou apaixonada pela vida
sou a cor da esperança
sou uma aresta de beijos
sou aquela que foi princesa de um condado
sou o que não quer ser
cores,dunas,flores
sou um tempo a cicatrizar feridas
sou palavras sonhadas
sou um rio a desaguar
sou um coração coragem
sou lágrimas á janela
sou o bote dos búzios
sou o medo do alto mar
sou uma ilha perdida
sou a derrota das derrotas da vida
Um dia serei a música
de um assombroso amanhecer.

Etna ,para não me sentir nesta solidão infernal ,parto no meu alasão branco ,de cabelos ao vento
em busca da minha estrela azul que ilumina o meu caminho.Conversamos.Fascínio.Ficciono o meu EU.Enterro esse EU onde a cor de ébano espreguiça a sensualidade ,divertindo-se com a nudez do meu corpo ,uma fragata esfrangalhada .Calo as palavras .Transformo-as em metáforas
para um TU ausente no outro lado do mar.
Dois oceanos que sulcam ondas de espuma furibundas por nunca poderem abraçar-se num enlace de caricias pertubadoras.
Grito pela estrela azul ,Pergunto :porque foges?Persigo o teu rasto luminoso,deslizas pelo Universo ao som de lãgrimas.
já as sequei e a minha interioridade transformou-te num oasis ,o deus dos meus deuses.
A consciência cósmica ostensivamente determinista sorri dizendo:Tudo passa menos o Amor .
Mas que Amor tão estranho!Afinal um Amor de viajantes eternos com o aval do Mestre dos búzios para todo o sempre.
Nessa estrela azul deixei as coisas pequenas mas tão ricas por dentro.

De corpo e alma
invado-me de ti
banho-me nas tuas águas
vida de fráguas
tropeço
desfaleço
Mas por ti espero
em qualquer momento
num lugar .
Teu sorriso

leve
suave
abraçará meu corpo
sem folego
em labaredas de fogo
sem parar.

Maria ,filha do Mar Longe

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