terça-feira, 11 de março de 2008

terra do Mar Longe X

-Pudera,Mãe África.Tens de compreender,sae-se de uma História para se entrar numa Nova História.É o regresso a outra infância.É África a seu tempo,ao tempo determinado.Depois vais recordar coisas deixadas pela colonização?
-O rumor da independência fala mais altominha filha.Como gostaria que
ouvisses o pulsar do coração do mundo novo...
-Mãe África ,para onde querque eu vá ,acredita ,serás uma esperança com o rostoda lua.Em cada lufada de vento tu estarás,nas minhas lágrimas,,na tristeza e na dor por uma guerra que mutilou almas e corpos.Abraça-me Mãe África,sofro na alma o amargor que tu choraste.Levo comigo a mágoa da saudade.Que se conserve em ti a esperança de rever-me.
-Etna,lamento muito a tua opção.Não consegui demover os teus medos.
Mas sei que no outro lado do Equador ,vais fazer parte da consciência da tua Mãe África.
Etna silenciou-se .Naquele momento atravessava um mundo solitário dos dias que haviam de vir.Rendera-se à evidência dos argumentos da Mãe África ,a consciência de uma nova História que desafiando mortes seculares ,faria os alicerces de uma nova Era.
-A Etna restava-lhe a memótia.Jurou neese momento,cuidar bem dela.
Para Etna ,África seria sempre a África das suas infâncias,a África de todos os tempos ,das caçadas aos inhalos,aos búfalos,às gazelas lá para os lados de Mapinhane,das praias a estender-se de vista,dos machongos
cultivados a paredes meias com as marés,dos pangaios de velas enfunadas,dos marinheiros de calças arregaçadas dos braços em geito de cadeirinha levavam as sinharas para terra,do xitimela que bufava lentamente pela cidade em direção à ponte de cais,das mufanitas que vendiam amendoim a quem passava ,do xinkué rengué aos fins de semana para gaudio dos molungos jovens fervendo
que nem bestas ferozes cravavam as garras nas doces deusas de ébano da noite.Uma África feita de eventos maltratados,chorados,amaldiçoados,arrogantes,maldizentes.
Etna procurou-se no que restava da luz da tarde.Etna também é África .Nasceu África .Pensa África,´.Pariu África.
Onde quer queestivesse não esqueceria que era errando que se aprende.
Quem estaria a errar naquele momento?O livre arbítrio estaria em questão?Alguém poderia dizer que o que estava errado era certo e o certo errado?Para Etna sóa experiência seria capaz de encontrar a verdade do certo ou do errado.
MARIA-filha do Mar Longe

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