sábado, 22 de março de 2008

terra do Mar LongeXV

Etna Maria vivia num casulo labiríntico da solidão urdido pela trajectória da vida.Ninguém seria capaz de dimensionar o seu mundo despovoado de ilusões.A vida roubara-lhe o passado de menina,de adolescente,de mulher,de mãe.Restava-lhe o futuro.Nele criara um espaço e um tempo onde procurava redescobrir um sentido de vida.Por isso,deambulava pelo seu casulo.Repelia com ferocidadequem quer que tentasse quebrar um fiozinhoda teia.Ninguém suspeitaria da cratera vulcânica que a habitava.As pressões do magma das crostas familares e sociais não conseguiam entrar em erupção.Ao longo dos tempos aprendera a refrear os ímpetos de rotura com a Terra do Mar Longe.As coisas pequemas por dentro foram a grande fada do seu destino,cheia de piedade ,com a face em rios de lágrimas pois o destino estava ainda por se cumprir.Essas coisas pequenas por dentro eram as doces horas da infância,o cadáver de tantas ilusões ,os ventos das monções, as casuarinas rasgadas pelas vozes dos espiritos ,tendo nos corações as coisas que já não são mais os sons,o reino do mar,os muros das nunus ,o sol rosado do amanhecer ,a poesia dos corpos de ambar e o sol antes do adormecer aquático.
Maria filha do Mar Longe..

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