segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Etna e a terra do mar longe xxIII


Todos os dias ,Etna estava sempre em algures.A mente e o coração demasiados preenchidos com retalhos do saber perdera pertença familiar.Achava ,ela própria que regressava do mundo dos que já tinham partido.
Ao longo da marginal sorria para as casuarinas centenárias ,altivas viradas para o mar .As bolotas espinhadas caiam ao sabor dos ventos.Rebolavam acabando por cair nos trilhos esburacados dos passeios já tropegos.Etna vagueava pelo paredão com as sandálias a tiracolo desfrutava a maresia matutina.Como estava tão longe de qualquer filosofia de vida.Sentia um bem estar jamais adiado por aqueles espaços que calcurriava sempre que podia.Outros espaços a espeeravam
A dado momento aproximou-se em passo de gata manhosa da velha mesquita.Lá estava o velho trinco dos tempos de menina.Uma aldraba t ão centenária como a porta que segurava os anos dos tempos ecoados de um passado longinquo .1840 com um corão de 340 anos.Os sapatos arrumadinhos em fila indiana no páteo asseado.
Espreitou.Num ápice afastou-se não fosse ser surpreendida por algum crente mais hostil.
Etna Maria adivinha onde estou.Bem sentadinha no banco de cimento a meio comprimento do muro altíssimo onde tu lias livros de histórias que te emprestavam com condição de o fazeres enquanto corria o almoço .Etu adoravas os contos dos irmãos Grimm...qtas vezes ,Etna Maria ...A quelas histórias fascinavam-te e de que maneira.Entre ti e os teus amigos
havia sempre um livro com histórias de encantar.Era o teu mundo.Viajavas no teuCom Pégaso fugindo do labirinto limitado da vida dos Pais .Recriavas personagens com toda a familiaridade .Acompanharam-te sempre e projectaram.-se na vida servindo- o teu mundo para encantar os infâncias criadas ao sol e ao vento.
Hoje o passado é um mapa pendurado no seu casulo,como um troféu
Etna recordou as travessuras de Etna MariaAs pedras atiradas aos sapatos desalinhando-osAdoraria ver os crentes andarem à procura do par.E o episódio do leitão?Entraste no quintal da vizinha.Apanhaste o leitãozito.Abafaste-lo com uma toalha depois amarraste o focinho embora esperneasse.Com o focinho bem aperreado para não fazer muito barulho,atiraste-lo para o patamar e fechaste a mesquita com a aldraba ...céus ...foi uma algazarra inesquicível.
Berros,gritos ,vassouradas...enfim um fim do mundo.
-Ai Etna Maria ,o que foste fazer.Que sacrilégio!Custou-te bem caro.O Haj descobriu-te como autora da proeza .Valeu-te um tareão.Como sentença ,durante nove luas ,foi-te interdita a passagem pelo passeio da mesquita.Episódio incrivelmente rocombolesco.
Lembras-te dos baldes da água do mar pela meia noite para desacralizar o espaço religioso?
O que teria acontecido aos sapatos com tanta vassourada?Não sei e tu ?Certamente também não.Francamente ...um lugar de culto.
Sabes,agora a mesquita prima pela cor ,cor de rosa com os caracteres em branco bem nitidono frontespecio.Quem diria 1824 e um Corão de 348 anos no interior ,zelosamente guardado,num santuário artisticamente trabalhado.
E nós que pensamos que os filhos de Allah são cobras e lacraus do deserto,qdo afinal tb oram ao Deus de todos.
Maria,filha do Mar Longe
Etna

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