quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

etna e terra do mar longe xix

A manhã acordara de boa disposição ,cantando de maneira a ser bem ouvida.Pássaros empoleirados em galhos das mangueiras aguardavam que Etna saisse.Queriam que Etna saisse .
Foi ao pão como habitualmente,cumprimentada sorridentemente pelos africanos na fila a que correspondia com um sorriso mal disfarçado de alegria.
Matabichou calmamente e comeu gulosamente as torradinhas de sura que Lisa deixara em cima da mesa.
Saiu apressada antes que o sol quente se intrometesse no passeio matinal.
Reparou que a linha férrea não castrara a História.Estava ainda ali rente às habitações quase revestida de ervinhas ....se já não tinha utilidade ao menos enfeitava-se de verdes vaidosamente.Etna ainda se lembrava do tempo em que passava a caminho da ponte de cais .Vagarosamente.Devagarinho,todas as sextas feiras ,avisando com o seu estridente puf...puf...puf...puf...que chitimela mais cuidadoso embora a bufar por tudo qto era poros.E a criançada a apreciar respeitosamente a caminhada.
LÁ ia ter com os navios que despejavam aos molhos sacas de sarapilheira de produtos para as populações que os ganhares ,magros,mirrados,vergados sob o peso de cada saca e mesmo assim cantavam como que a dar graças aos deuses órfãos pelo amendoim,para o caril de peixe ,o milho para ser pilado e pronto para
uma saborosa refeição e a farinha para a xima com molho do caril de coco a troco de uns magros chicudos.
Etna entrou pela ponte já a decapitar-se e muito tinha durado com um piso ainda
suportável.Superlotada de vais vens carregados de produtos das machambas próprias .Esgueirou-se para a direita ,rentinha à amurada com os pilares meios escaqueirados pela erosão dos tempos .Espreitou pelas vigas já semi desnutridas de betão.Olhou para baixo .Viu sobre a areia gasolinas tombados uns para a direita outros para a esquerda enfurrejados .Fizeram parte de uma frota de transportes entre o cá e o lá de outras paragens ,povoadas de gentes do mundo de trabalho ,quer fizesse bom ou mau tempo.
Aquela frota de gazolinas era substituida pelos botes à vela para onde se ia numa espécie de cadeirinhas humanas para as mulheres não se molharem ,movidos à vela por veses bem remendada e empurrada por um comprido pau de bambu bem forte que impulsionava o barco para as águas mais fundas.E assim superlotado de gente ,coisas e loisas se fazia a viagem de regresso .
Maria ,filha do Mar Longe

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